Romaria 2017: E o comércio não para nem mesmo durante as missas
Se
tudo na vida tem sua hora e lugar, comprar e vender enquanto acontece
uma celebração religiosa é algo muito esquisito
Romaria: Multidão reunida é vista como um grande mercado. |
Ainda
sobre a Romaria do Divino Pai Eterno que terminou neste Domingo (2),
a programação religiosa, bem entendido, pois até hoje,
quinta-feira (6), Trindade ainda tem ruas e avenidas centrais cheias
de gente comprando e vendendo, movimentando o lado comercial da
Festa, que permanece em cartaz desde o dia 23 de junho.
Mas
vou me ocupar aqui, e muito rapidamente, é com a esquisitice
verificada durante as missas campais na “Capital da Fé” na
Romaria. Uma miríade de vendedores não dá trégua nem mesmo
enquanto as celebrações estão acontecendo. O sacerdote está lá
no altar, em plena eucaristia, abençoando o pão e o vinho para a
comunhão, repetindo o que Jesus disse aos seus apóstolos: “Este é
o meu corpo que será entregue por vós...”. Por sua vez, assim do
nada, surge um cara na frente da pessoa gritando: “Olha a toalha do
Padre! Olha a água pra benzer!” Divino Pai Eterno!
E
o vai e vem de gente oferecendo produtos aos fiéis no meio de uma
missa prossegue. Passa o carinha da toalha do padre, daí é a vez da
menina vendendo o livrinho com as letras das músicas cantadas nas
celebrações. Na sequência, materializa-se no meio da multidão um
camarada parrudo falando a plenos pulmões. “Olha o banquinho, só
R$ 10!” O cara carrega tantos bancos de plástico empilhados que a
gente pensa que aquilo ali vai cair sobre as pessoas a qualquer
momento, mas deve ser coisa de Deus que isso não acontece.
E
o negócio continua num indo e vindo sem fim, pois logo em seguida é
a vez de um senhor oferecer amendoim torrado, “um é R$ 3, dois é
R$ 5”. Coladinho neste vendedor está uma menina vendendo saquinhos
de pipocas, de sal e de doce. Ah, e tem uma mulher vendendo brinquedo
para crianças também. E principalmente no último dia aparece gente
de todo lado ofertando velas utilizadas nas celebrações de
encerramento da Romaria.
Sei
não, mas acho isso tudo um desrespeito à celebração, às pessoas
que estão ali com o objetivo de louvar a Deus, dar graças, pedir
bençãos, orar enfim, dificilmente consegue se concentrar. A gente
percebe que aquela multidão reunida é vista por quem está vendendo
como torcedores nas arquibancadas de um estádio qualquer.
Na
minha modesta opinião, que ninguém pediu, quaisquer atividades
comerciais deviam ser coibidas durante as celebrações. Encerrada a
missa, por exemplo, aí então o pessoal podia retomar as atividades
profanas, comerciais. Afinal de contas, aquele povo todo reunido,
mesmo a céu aberto, representa o templo de Deus. E a Bíblia (Mateus: 21-12) registra um dos momentos em que Jesus ficou furioso com o pessoal que
estava naquela Casa de Oração como se estivesse no mercado.
É
lógico que todo mundo precisa trabalhar para ganhar o sustento de si
e de sua família, não dá para negar. E tanta gente junta acaba
sendo uma excelente oportunidade para se vender um monte de coisas,
mas tudo tem sua hora e o lugar, não é verdade? Para ser sincero,
comprar e vender durante celebrações religiosas deturpa ou corrompe
o sentido maior do evento, que é sagrado para muitos. É isso aí!
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