Árvores diante do Ginásio de Esportes Amando Grecco foram cortadas
No local será
construída uma praça com equipamentos de exercício físico, pista
de caminhada e outras espécies de árvores
(Imagem: Reprodução de postagem no Facebook) |
Li
no jornal O Popular que um homem foi autuado por ter cortado árvores
protegidas por lei, o que pode gerar multa cujo valor oscila entre R$
2,2 mil e R$ 5 mil, por espécie cortada. No caso em questão, o
sujeito passou o motosserra num angico. O camarada foi flagrado na
tarde da quarta-feira (4) por guardas civis metropolitanos na Rua do
Acesso, no Residencial JK, em Goiânia, “a capital das mulheres
bonitas e dos homens trabalhadores”, segundo o locutor Lázaro
Santos. Na hora me lembrei de Trindade. Pois é, pois é, pois é.
Na
“Capital da Fé”, que
no ritmo que vai indo a coisa daqui a pouco terá também o título
de “Capital dos Pit-Dogs”, diga-se, sobretudo na região central,
o pessoal parece que não gosta ou aprecia pouco a presença de
árvores. Vez por outra a gente dá de cara com uma espécie qualquer
transformada em pedaços de lenha sobre as calçadas da cidade.
Agora, recentemente, deram cabo das árvores que viveram por muitos
anos à frente do Ginásio de Esportes Amando Grecco, na Avenida
Manoel Monteiro.
A
justificativa de se cortar árvores nas ruas e avenidas das cidades,
em geral, e em Trindade, particularmente, baseia-se na inadequação
de espécies utilizadas há tempos na arborização dos centros
urbanos, cujas raízes, com o passar dos anos, vão se esparramando
sob o solo na busca vital por água e a consequência deste
crescimento, muitas vezes, fica indisfarçável em fissuras nas
paredes de casas, muros, nas calçadas esburacadas, nos meios-fios
danificados também e até no asfalto das pistas que sofrem danos,
rachaduras. A sombra das árvores durante o dia, sob o sol inclemente
ao qual nos acostumamos em nosso cotidiano, não consegue ser motivo
suficiente para que se mantenha a planta de pé e funcionando também
como uma poderosa e natural bomba de água para a atmosfera, o que
ajuda a equilibrar o clima, diga-se de passagem.
E
a violência desses
loucos tempos modernos anda descontrolada de um modo absurdo, e só
tem feito crescer, vai seguindo botando medo nas pessoas de bem, e
acaba tornando a presença de árvores frondosas nas cidades algo a
ser evitado, e sabe por qual razão? Arrisco a apontar a trabalheira
diária da limpeza urbana, que custa caro, a manutenção da rede
elétrica, mas o destaque mesmo fica por conta, ouso afirmar, da
segurança pública. Pode um trem desses? É que as sombras de
árvores durante a noite, na escuridão, tornam-se esconderijo de
bandido qualquer e daí a solução mais simples, a opção escolhida
tem sido ligar o motosserra e, em minutos, botar abaixo uma planta
que a natureza consume anos a fio para formar.
Pior
de tudo é que ficamos sem árvores nas avenidas de Trindade, mas
isso não impede que os meliantes entrem em
ação sempre que lhes dá na cabeça. Ao longo dos tempos aumentamos
a altura dos muros de nossas casas, instalamos portões eletrônicos,
câmeras, cercas eletrificadas, transformamos as residências de
família meio que em bunkers, na vã esperança de se ter segurança.
Ledo engano. O noticiário policial está aí diariamente mostrando
as ações cada vez mais ousadas e abusados dos marginais que agem à
luz do sol ou à noite sem se importar, não raras vezes, em sequer
esconder os rostos das lentes das câmeras de vigilância enquanto
cometem crimes como furtos, roubos, sequestros, latrocínios e por
vai. Até por isso, é de se lamentar se realmente existe alguém por
aí cortando árvore na cidade com o objetivo de promover um ambiente
mais seguro para a população.
Se
a árvore é inadequada para a zona
urbana, e isso é perfeitamente possível, vide os Jamelões em
diversos pontos de Goiânia, cujos frutos caem no asfalto e, no
período das chuvas, tornam as pistas escorregadias, provocando
acidentes de trânsito a torto e a direito. Como negar a conveniência
do poder público local promover a reposição daquelas árvores por
outras espécies mais apropriadas para a arborização das vias
sempre apinhadas de toda espécie de veículos, no frenético ir e
vir das pessoas, no dia a dia das cidades? Quer dizer, ninguém aqui
está condenando todo tipo de corte de árvores, mas deve haver uma
razão mais forte e convincente, técnica também, que leve em conta
o cuidado com o meio ambiente, que se opta por exterminar uma árvore.
O
que ocorre mais comumente é a troca de uma árvore por coqueiros,
palmeiras,
algo meio ornamental para as ruas e avenidas, diga-se. Isso tem um
preço que a sociedade paga em termos de qualidade de vida nas
cidades que, além de menos árvores, vem ganhando mais asfalto e
concreto, uma impermeabilização que faz do solo leito ideal para as
fortes enxurradas formadas em qualquer chuvinha um tanto mais forte.
É triste, mas a realidade na qual vivemos tem muito disso que
estamos dizendo nesta notinha que está ficando longa de mais da
conta.
Vamos
já encerrar. A fachada do Ginásio de Esportes Amando Grecco (foto acima) agora
está, digamos assim, mais clean.
Penso que certamente aquilo ali vai ficar uma beleza, principalmente
para o sujeito que aprecia mais concreto do que vegetal, quando os
serviços no canteiro onde haviam árvores for concluído, mas o que
preocupa de verdade é que ações desse tipo, revelam que o poder
público municipal e a população inclusive, preocupam-se pouco,
muito pouco mesmo, com a preservação do meio ambiente. E aqui está
o x da questão.
Ucleide
de Castro Bueno
Há desgaste pela retirada das árvores mas vai ficar bem melhor do que estava
Fizemos
contato com Ucleide de Castro Bueno, o Ferruja, presidente da Agência
Municipal de Esportes e Lazer (AMEL), responsável também pela
gestão do Ginásio de Esportes Amando Grecco, sobre a retiradas das
árvores da frente daquela praça de esportes. Veja a seguir as
informações obtidas.
Faltou
planejamento quando foram plantadas
Essas
árvores são, como você sabe, são Ficus. São árvores que buscam
a questão de água a todo momento. E há muitos anos, há muito
tempo, elas já têm danificado ali o asfalto, as calçadas. Enfim,
várias questões que, às vezes por falta de planejamento, quando
foram plantadas, elas, hoje, trazem alguns prejuízos em relação a
isso aí. Outro fato que já é real e até o próprio Hans [Major
Ênio José Carlos Hans, Comandante do 22º Batalhão da Polícia
Militar de Trindade] me chamou a atenção, é da escuridão, porque
as árvores têm uma copa muito grande e dá uma escuridão também
ali (dava, né?) na frente do Ginásio onde vários drogados,
mendigos e tal, se escondiam ali para usar drogas, para praticar
alguns delitos debaixo daquelas árvores, além da estética que
realmente, tira toda estética do Ginásio de Esportes. Tirava, né?
Novo
projeto paisagístico da praça
Com
isso, fiz a solicitação pro Jânio [Jânio Darrot, prefeito] para
que a gente pudesse fazer um projeto de uma praça moderna, onde vai
ter ali uma pista de caminhada, bancos, uma Academia de Saúde, que é
aquela Academia com vários equipamentos, e uma paginação
diferente, uma paisagem de algumas árvores que não tiram a
estética, que não prejudicam. Enfim, nós sabemos que, é lógico,
que prejudica o fato da sombra, mas nós vamos fazer lá uma questão
que possa ficar bacana.
Reforma
geral do Ginásio de Esportes e calendário de eventos
Nós
estamos também com uma reforma geral do Ginásio. Nós aproveitamos
essa situação, porque, como nós vamos ter aí vários eventos
agora. Temos em outubro o Campeonato Goiano handebol. Em seguida os
jogos do Campeonato Goiano Escolar e depois os Jogos Universitários
Brasileiros. Em novembro, vamos retornar com os Jogos da Primavera.
Em dezembro, vai ter a fase regional dos Jogos Abertos aqui em
Trindade. Então, nós estamos com os recurso de R$ 50 mil licitados
para reformar uma parte do Ginásio, nós vamos reformar o piso,
pintar todo o Ginásio, vamos arrumar todas aquelas calçadas, nós
vamos arrumar a parte hidráulica, trocar algumas lâmpadas, a parte
elétrica, ou seja, uma reforma geral no Ginásio.
Há
desgaste, mas vai ficar bem melhor do que estava
Então,
é basicamente isso aí. A gente sabe que há o desgaste em relação
à retirada das árvores, mas eu tenho certeza absoluta que a hora
que terminar este projeto eu garanto que a gente, a comunidade, vai
agradecer e vai ficar bem melhor do que estava, da forma que estava.
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