Audiência pública sobre a falta de água em Trindade na Câmara Municipal
É preciso lembrar que o presidente da Saneago, no mês passado, se
comprometeu com os donos de pousadas que não faltaria água
principalmente nos fins de semana
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Ver. Weslley Cabeção propôs audiência sobre falta de água./Foto: Cristiano Vaz |
Estive
ontem à noite na Câmara Municipal de Trindade, ali por volta das
20h30, quando acabava de se iniciar a Audiência Pública sobre a
falta de água no município. A iniciativa partiu do vereador Wesley
Cabeção (PMDB), que apresentou vídeo mostrando a situação
caótica da captação de água no Córrego Arrozal que não consegue
mais suprir as necessidades da população local que gira, hoje, ao
redor de 127 mil habitantes, conforme dados estimados pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para 2017.
Foi
possível se comprovar o que já se suspeitava, a estatal goiana que
tem a concessão do serviço de captação, tratamento e distribuição
de água em Trindade, a Saneamento de Goiás (Saneago), não realizou
os investimentos necessários para ao menos se evitar a situação
crítica que estamos vivendo atualmente. E olha que estamos
considerando que a estiagem deste ano está aguda demais da conta,
secando pequenos córregos, regos d’água e riachos em diversos
pontos da zona rural de Trindade e de várias outras localidades.
Rios Araguaia, Meia Ponte, por exemplo, estão diminuindo
drasticamente a olhos vistos, convém lembrar.
Embora
convidados, segundo os vereadores, os diretores da Saneago não
compareceram à audiência e apenas Abimael Ribeiro, supervisor da
empresa em Trindade, se fez presente. Nos pronunciamentos o alvo foi
mesmo a direção da estatal. Todos os vereadores que falaram foram
contundentes nas cobranças tanto à Saneago como também à BRK
Ambiental, responsável pelo afastamento e tratamento do esgoto na
cidade. Em vídeo apresentado na audiência e comentado pelo vereador
Wesley Cabeção, há fortes imagens de detritos no leito de córrego
e o que parece com esgoto sem nenhum tratamento sendo jogado no curso
d’água. No mínimo a questão precisa ser melhor explicada pelas
duas empresas.
E
pensar que Jalles Fontoura, presidente da Saneago, em entrevista a
Dária Rodrigues, na Rádio Trindade FM, cismou de se comprometer com
os donos de pousadas da cidade, afirmando isso aqui ó: “Nós
estamos fazendo um compromisso aqui de melhorar, para os pousadeiros,
evitar esse transtorno de faltar água, interrupção de água,
principalmente nos fins de semana”. Demos
essa informação em post no dia 16 de setembro deste ano. Ou seja, a
conversa do presidente foi igual a risco n’água… Afinal, neste
fim de semana, faltou água inclusive e principalmente nas pousadas
cheias de turistas. Pensa no caos.
No
geral, a audiência ficou muito parecida com uma conversa de
compadres, elogios demais da conta nos pronunciamentos. Fiquei
impressionado com a escassez de propostas para se enfrentar agora,
já, o problema, sobretudo por parte da Saneago. É bom que haja
audiências assim, que, diga-se, contou com um público maior do que
em outras oportunidades semelhantes, mas é preciso melhorar mais
ainda este aspecto de se atrair a população para este tipo de
conversa.
Foi
bom também ver um representante do Ministério Público Estadual na
mesa, caso do promotor Sávio
Fraga e Greco, que acaba de chegar à Comarca de Trindade. Falou da
reativação dos Centros de Apoios Operacionais (CAO) um do Meio
Ambiente e outro de Direito do Consumidor para breve e comentou que
“estamos começando uma guerra na qual
somos todos soldados com poucas armas e precisamos de engajamento da
comunidade”.
O que deu para perceber é que dessa vez parece que os vereadores vão
mesmo acordar do sono “em berço esplêndido” e serem mais
efetivos na cobrança às empresas responsáveis pela captação,
tratamento e distribuição de água, bem como do afastamento e
tratamento do esgoto em Trindade, mais investimentos e melhor
qualidade nos serviços que lutaram bastante para obter a concessão
do município. Isso já pode ser considerado um começo, um bom
começo até. Vejamos o que virá depois.
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