Dimensões urbanas diminuindo e a população aumentando

Ruas estreitas que mal comportam o fluxo de veículos, casas pequenas e o surgimento de novos loteamentos nas cidades em crescimento


Rua estreita no Parque Santa Rita, região Sudoeste Goiânia.



Venho observando que as cidades, de um modo geral, estão diminuindo as dimensões de ruas, das construções de casas, enquanto que a população vai num crescendo. De uns tempos para cá, a gente tem visto as ruas e avenidas dos novos bairros se estreitando absurdamente. Fenômeno semelhante ocorre com as habitações, diga-se. Em Trindade também, mas não apenas na cidade considerada por muita gente como a “Capital da Fé” dos goianos, sobretudo os católicos. Compreensível o desejo de quem faz loteamentos em maximizar os lucros diminuindo as dimensões dos lotes e abrindo ruas cada vez mais estreitas, o que barateia o custo com pavimentação, vale lembrar. Agora, o trânsito acaba ficando prejudicado porque se um caminhão ou um veículo qualquer um pouco maior entra em determinada via a coisa se complica demais da conta. Duvida?Ali na Vila Maria, por exemplo, mais precisamente onde funciona o Centro Municipal de Ensino Infantil (CMEI) Maria Pedro de Jesus, a Rua 25 é tão apertadinha que se o motorista estaciona seu possante ao longo da via o fluxo fica prejudicado, podendo facilmente travar o fluxo, impedindo o direito constitucional de ir e vir (perdão pela dramatização do exemplo...) Só naquele lugar? Claro que não, internauta incrédulo. Dê uma espiada em bairros como Roberto Monteiro, Jardim Primavera, Dona Iris, Maysa, dentre outros, para você ver como é que o negócio é sério. E as construções também estão encolhendo absurdamente, convém destacar. Dizem que isso é para ajudar a solucionar a questão da moradia, sobretudo para os estratos populacionais com menor poder de compra. Sei não, mas até ousaria apostar, se fosse o caso, que a real motivação do encolhimento das construções e das vias públicas, tem a ver é com a busca de maiores lucros nas atividades imobiliárias e na construção civil. Note bem, você que nos prestigia acessando este blog e lendo esta notinha até aqui, construir habitações menores em áreas exíguas terá reflexo na qualidade de vida das pessoas, e isso é importante, mas pouca gente se preocupa. E alguém coloca em xeque que estamos tratando nestas linhas de um bom negócio, com certeza? Evidentemente que não. A propósito, dia desses estava transitando ali pela GO-060, sentido Santa Bárbara de Goiás – Trindade, e fiquei impressionado com o tamanho das casas geminadas que estão sendo construídas, na altura da primeira rotatória onde se inicia a Rodovia dos Romeiros. Quando aquelas unidades estiverem habitadas, se um vizinho der descarga no banheiro ou assistir à televisão com o som um tantinho mais alto, incomodará os moradores dos lados, não há dúvida. Menos mal que as famílias estão diminuindo também. Nos médios e grandes centros urbanos onde o espaço físico está com uma elevada densidade populacional e não para de chegar mais gente, até que se compreende a necessidade de se ter construções menores, mas Trindade ainda tem muita área desocupada. Já ouvi de integrantes da Administração Municipal que na “Velha Trindade da Fé e do Amor” existem, mais ou menos, 40 mil lotes vazios. Apesar disso, ficamos sabendo do surgimento de novos loteamentos e, não raras vezes, em pontos que nos levam a pensar sobre o porquê do poder público ter aprovado este ou aquele empreendimento imobiliário. Afinal de contas, espera-se que as autoridades municipais atuem com competência no planejamento de toda a cidade, mas as coisas vão acontecendo, os fatos vão se sucedendo, e quem tem dinheiro adquire uma área qualquer, decide lotear o espaço e estamos conversados. Daí vamos assistindo ao crescimento desordenado da zona urbana sempre crescendo enquanto que a zona rural vai ficando menor com o passar o tempo. Apenas em Trindade é que a banda tem tocado nesse compasso? Não, infelizmente não. Mas bem que os gestores públicos trindadenses podiam iniciar uma forma diferente de cuidar da cidade, acompanhando melhor a questão da expansão da cidade, fazendo uma espécie de sintonia fina na autorização de novos loteamentos no município. Penso que isso só faria bem para a coletividade. Ah, sim! E no meio desse imbróglio todo vale lembrar a questão da escassez da água no município também, algo que deveria, imagino, ser levado em conta na análise que as autoridades devem fazer dos requerimentos para a abertura de loteamentos. Bem, retomando o início da conversa para terminar logo este post longo demais da conta, quero dizer que a foto acima mostra três caminhões estacionados na Rua SR 10, no Parque Santa Rita, região Sudoeste de Goiânia, sobrando espaço suficiente apenas para que um carro pequeno de cada vez transite por ali. No momento em que a frota de veículos segue aumentando, eis um problema mais grave de mobilidade urbana para daqui a pouco. É isso aí, mais não digo nem me foi perguntado.


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