Entrevista com um Hacker
A
internet de hoje me faz lembrar as histórias do velho oeste que todos
andavam armados e havia muitos roubos e crimes
Fernando Azevedo: Hacker ético e defensor de vítimas de cyberbullying. |
Fernando
Azevedo é hacker ético, defensor
de vítimas de cyberbullying e desenvolvedor
web com mais de 10 anos de experiência e sócio da Silicon Minds.
Co-autor do Livro Segredos de Cyber Security, que será lançado nos
EUA e Brasil ainda este ano, fala 10 pontos sobre Cyber Security.
A
internet hoje é segura?
(Risos)
Não. Porque hackers podem se esconder com VPN (Rede privada virtual)
e navegadores Tor. Além disso, existem ferramentas para falsificar
emails, testar a segurança de sites e servidores, softwares para
copiar sites, links que podem ser manipulados para que pessoas
cliquem e liberem acesso do computador delas para o hacker.
Rede
privada virtual, do inglês Virtual Private Network (VPN), é uma
rede de comunicações privada construída sobre uma rede de
comunicações pública (como por exemplo, a Internet). O tráfego de
dados é levado pela rede pública utilizando protocolos padrões,
não necessariamente seguros. Em resumo, cria uma conexão segura e
criptografada, que pode ser considerada como um túnel, entre o seu
computador e um servidor operado pelo serviço VPN. Fonte Wikipedia.
Quais
são suas ferramentas?
Nós,
do time de Cyber Security da Silicon Minds, usamos Kali Linux e seus
diversos programas para teste de penetração em sites e servidores,
além de softwares de Engenharia Social para manipular usuários a
clicarem em links.
Pode
citar um exemplo?
Nmap
ou metasploitable, por exemplo, pode fazer um scan em um servidor e
procurar vulnerabilidades conhecidas por hackers e ainda dar dicas de
outras vulnerabilidades existentes. É como se um ladrão entrasse
num bairro e checasse todas as maçanetas e janelas de cada casa.
Quais
são as maiores vulnerabilidade de hoje?
Além
de sites mal feitos que permitem acesso ao servidor, existem também
servidores e serviços rodando nos servidores que se tornam
desatualizados e permitem uma vulnerabilidade.
Para
as pessoas físicas e membro de uma organização, o phishing é um
dos maiores problemas. São e-mails
que fingem ser do banco, da companhia de luz por exemplo e servem
para pegar seus dados como usuário e senha.
Como
são feitos ataques a pessoas?
Estes
ataques são feitos por Engenharia Social, é possível, por exemplo,
levantar informações sobre uma pessoa como e-mails,
redes sociais, sites frequentados. Daí, hackers podem falsificar
emails como empresas ou como amigos pedindo alguma ação da pessoa
como fazer login ou clicar em um link.
Hackers
com senhas de e-mails
por exemplo, podem usar este acesso para trocar senhas de outros
sites como bancos.
Quando
uma pessoa clica num link, este link pode conter um pedido de conexão
na máquina do hacker que passa a ter acesso ao computador da pessoa.
Wifi
na rua é perigoso?
Muito.
Existem aparelhos baratos que simulam wifi na rua e servem para
capturar informações de todos que trafegam.
Como
são feitos ataques aos sites?
Existem
vários tipos de ataques a sites. O hacker pode explorar alguma
vulnerabilidade como programas desatualizados, pode tentar carregar
arquivos maliciosos no servidor.
Há
também o DoS (Ataque de negação de serviço) que vários
computadores tentam se conectar ao mesmo tempo, entre outros.
Como
são feitos ataques a servidores de empresas?
Existem
várias ferramentas que escaneiam um servidor, detectam os softwares
instalados e ainda procura se existe alguma vulnerabilidade no
software. Se alguma resposta for positiva, o software ainda oferece
para fazer o ataque automaticamente.
Os
softwares ainda indicam possíveis vulnerabilidades que podem ser
testadas manualmente pelos hackers.
Caso
o hacker não consiga entrar no servidor por software, ele pode
tentar atacar os funcionários da organização para conseguir acesso
direto a um computador dentro da empresa.
O
que você faz para se proteger?
(Risos)
Muitas precauções. Eu só navego na internet com VPN sem logs e
navegação forçada em SSL (cadeado verde). Também desconfio sempre
de e-mails
que recebo e procuro ler o endereço do remetente e o endereço do
links para ter certeza que são exatamente as companhias que eu sou
cliente.
Minha câmera também tem um adesivo para proteção de privacidade.
Gosto também de navegar em modo privado para não ter minhas informações rastreadas.
Minha câmera também tem um adesivo para proteção de privacidade.
Gosto também de navegar em modo privado para não ter minhas informações rastreadas.
Para
mensagens de celular usamos Signal e para e-mail
usamos Protonmail.
E
por fim, evito entrar em site de banco em wifi pública.
O
que você recomenda para as pessoas se protegerem?
Brasil
é um dos países líderes de phishings - que são os sites
falsificados de bancos e empresas. Então eu recomendo sempre duvidar
de emails que você não pediu. Eu também leio o endereço de email
e endereço do site para conferir se é o verdadeiro. Por exemplo
itauu.com.br
está
errado ou itau.site.com.br
também
é falsificação.
Outro
detalhe que vale sempre avisar: sites de qualquer assunto ilegal é
monitorado na internet, então fique atento e tenha bom senso por
onde você navega. Se você não mostraria sua tela para outra
pessoa, é melhor não navegar.
Projeção
para a internet de futuro?
A
internet de hoje me faz lembrar as histórias e velho oeste que todos
andavam armados e havia muitos roubos e crimes. A polícia
internacional tem tentado evoluir principalmente com as ameaças
terroristas. Acredito que ainda precisamos de políticos que entendam
as ferramentas usadas por hackers e os seus riscos para poderem
legislar melhor sobre o assunto.
Entrevista enviada por Lívia Clozel
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