Impressões a respeito de reforma previdenciária

Da forma como estão falando querem cobrar aos segurados por mais tempo e mais caro e por menos benefícios e de menores valores


Henrique Meirelles, o senhor das finanças do governo federal. (Istoé/Dinheiro)



Que bom que a proposta de reforma da previdência foi, digamos assim, ao menos até o final deste ano, para o saco. Salve, Renata Lo Prete!

Quando os caras falam sobre gasto público no Brasil, o que é pago às pessoas na forma de benefícios previdenciários (auxílios-doença, aposentadorias e pensões) seja do Regime Geral de Previdência Social (RGPS), aquele sob a gestão do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), responsável basicamente pela cobertura dos direitos dos trabalhadores da iniciativa privada, ou os Regimes Próprios de Previdência Social (RPPS) destinados à cobertura dos direitos previdenciários do servidores públicos, o expressão usada é que isso causa rombo no orçamento; por outro lado, a despesa com o pagamento mensal e religiosamente em dia de juros e serviços da dívida pública (uma verdadeira sangria do dinheiro meu, seu, nosso, diga-se) aí ninguém fala nada. Reina um silêncio perturbador. É de se imaginar que a agiotagem oficial, essa praticada pelos agentes da rede bancária em que as taxas de juros cobradas aos clientes são pornográficas (vide os juros de cheque especial e cartão de crédito), mete medo nos jornalistas de economia e nos levam a pensar que os analistas devem ter lá suas vantagens. Afinal de contas, os bambambãs que vivem por aí analisando o desempenho econômico do país frequentam bastante as reuniões com os barões da indústria, comércio e, claro, do sistema bancário nacional, proferindo palestras a torto e a direito, além de publicar artigos a respeito do tema. E os analistas sabem dizer direitinho o texto que os endinheirados adoram ouvir: Ou se faz a reforma da previdência ou virá o caos! Lógico que uma boa mexida nas regras previdenciárias é algo importante, o mundo muda, as instituições devem estar adequadas ao momento, porém é preciso negociar (patrões, empregados e governos) o modelo como um todo, considerando as duas pontas, os benefícios que serão ofertados e quanto se cobrará aos segurados por isso. Da forma como os gênios estão tentando levar a gente na conversa, o sujeito deve pagar mais caro e por mais tempo para ter direito a menos benefícios, com valores menores também. Fala sério, né? Brincadeira de mau gosto! Hoje a reforma pretendida visa, isto sim, é a minha impressão, promover mais a abertura no mercado de previdência privada para os bancos lucrarem, garantindo assim mais dinheiro nas contas desses analistas parceiros que alardeiam dia sim e outro também o caos das contas públicas na imprensa. Os trabalhadores que se danem. Conseguida a realização desta façanha, os geniais analistas de economia, políticos matreiros e muitos deles já aposentados, empresários do mercado financeiro continuarão gozando a vida adoidado, sendo felizes absurdamente no alto andar da sociedade, obtendo renda invejável sem muito esforço, numa espécie de paraíso nessa terra em que se plantando tudo dá para o gáudio dos mais espertos. É isso aí!


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