Sustos que se leva no trânsito maluco na cidade e nas rodovias
Muitos
dirigem como se estivessem numa pista de autódromo ou disputando uma
corrida imaginária, em busca do lugar mais alto no pódio.
Ilustração com imagem do Arquivo Google. |
Percorrendo
os 17 quilômetros entre Trindade e Goiânia, pela Rodovia dos
Romeiros (GO-060), dia sim e outro também, é comum a gente se
assustar sempre com as manobras arriscadas feitas por inúmeros
motoqueiros. Coisa de louco! Nesta quinta-feira (8), cedinho, pouco
mais de 6h, quase presenciei dois acidentes com motociclistas
ziguezagueando “numa velocidade” totalmente inadequada para o
local e horário. Carros demais nas pistas e os caras vem com tudo,
meio que se espremendo entre os veículos pequenos e grandes, pouco
importa. Penso que os motoqueiros em movimento se imaginam com os
corpos de borracha, só pode ser isso.
O
primeiro susto de hoje aconteceu logo que entrei na Rodovia dos
Romeiros, pela Av. Raimundo de Aquino, e um motoqueiro já estava na
pista movendo-se como quem estava a caminho de “tirar o pai da
forca”. O cara passou feito um bólido entre os carros, foi
possível perceber a instabilidade da moto. Pouco mais à frente, ali
próximo à passarela na altura da entrada para o setor Vera Cruz, do
nada, surgiu uma motocicleta “voando baixo” e o condutor balançou
bonito em cima da moto que, segundo Jô Soares, “foi feita para
cair, ela até fica em pé, mas sua tendência natural é cair”. E
Jô levou dois tombos de motos que deixaram sequelas naquele genial
artista.
Acidentes
de trânsito causaram 1.873 mortes, em Goiás, conforme dados de
2015, do Departamento de Informações do Sistema Único de Saúde
(Datasus). Os registros mostraram que 40% das vítimas são
motoristas; por sua vez, 36% das mortes acontecem no grupo dos
condutores de motos. Nem precisaria se debruçar sobre planilhas com
as estatísticas da violência no trânsito do Brasil e de Goiás
para se constatar que o número de ocorrências de acidentes,
inclusive com óbitos, ocorrem com frequência alarmante e com
motociclistas. Basta observar o ir e vir nas rodovias, ruas e
avenidas das cidades para se constatar este triste fenômeno.
E
para ninguém dizer que só falei aqui das peraltices perpetradas por
motoqueiros, hoje também, quando já estava na Av. Castelo Branco,
no setor Rodoviário, ali na Praça Dom Prudêncio, que de praça tem
só o nome, pois a Prefeitura entendeu de dividir várias praças a
fim de dar mais fluidez ao trânsito na cidade onde, suspeito, a
prioridade são os veículos de duas ou mais rodas. Os bípedes que
fiquem espertos. Pois bem, o sinal estava verde para quem transitava
pela Castelo Branco, no sentido bairro–centro, quando um
motorista abusadíssimo ou desatento ao extremo, surgiu da Av. Dom
Emmanuel e, apesar do farol estar vermelho para ele, continuou em
movimento e só não aconteceu uma batida forte porque a Igreja de
São Cristovão, está ali pertinho e tivemos mais uma intercessão
do santo protetor dos motoristas.
Penso
que na verdade é desnecessário fazer mais leis com o objetivo de
“tornar o trânsito mais seguro”. Nada disso. Precisamos, isto
sim, de respeitarmos mais a nossa vida, a vida de quem está no
veículo ao lado. A vida do pedestre que precisa atravessar a rua.
Como assim? Dirigindo com mais cuidado e atenção, levando em
consideração que todos, sem exceção, somos pessoas de carne e
osso e não seres dotados de superpoderes e capacidade ilimitada de
pilotar. Sério mesmo. Muitos de nós dirigem como se estivessem numa
pista de autódromo ou disputando algo como uma corrida imaginária,
em busca do lugar mais alto no pódio. Só que a realidade é dura e,
não raras vezes, pódio não há, coisíssima nenhuma. O que existe,
isto sim, em decorrência da loucura a que assistimos e vivemos
diariamente, é um corpo ou corpos estendidos, feridos, mutilados,
dilacerados até, sem vida, sobre o asfalto. Para mudar isso é
preciso que todos respeitem a si próprios, os direitos dos outros e
a vida de uma forma geral.
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