Janela partidária: Pouco caso dos políticos com o resultado da urnas
Troca-troca
partidário faz nascer e desaparecer bancadas nos Parlamentos
Ilustração do Caldeirão Político |
A
credibilidade dos políticos brasileiros tem oscilado entre o mal e o
pior, faz tempo, provocando uma descrença popular muito forte em
relação à política, sobretudo nos últimos tempos em que a
Operação Lava Jato descortinou a roubalheira “ampla, geral e
irrestrita” perpetrada contra os cofres públicos por políticos,
empresários e gente sempre disposta a ser dar bem na vida metendo a
mão na bolsa da Viúva.
Mas
não é só isso não. Os políticos também são aplicadíssimos na
prática antiga de fazer o eleitorado de trouxa, principalmente
antes, durante e depois das campanhas eleitorais, prometendo o que
jamais irão fazer caso cheguem ao poder ou, lá estando, priorizam
os cuidados com as respectivas carreiras, deixando de lado o
interesse público, como temos visto acontecer há muito tempo “nesta
terra em que se plantando tudo dá”.
Agora
mesmo assistimos ao troca-troca de partidos pelos parlamentes e tudo,
claro, dentro da lei, no que eles chamaram de “janela partidária”
que foi fechada no dia 7 de abril. Os excelentíssimos puderam, no
exercício dos mandatos, mudar de legenda ao bel-prazer de cada um,
sem correrem risco de problemas com a Justiça Eleitoral. E isso,
evidentemente sempre provoca uma situação esdrúxula demais da
conta.
Ora,
nas eleições o eleitor vai lá e vota, apura-se o resultado e
fulano, beltrano, sicrano terminam eleitos por este, aquele ou aquele
outro partido, formando as bancadas no poder Legislativo, nas esferas
municipais, estaduais e federal. E com isso se tem a situação e a
oposição. Só que não. Os caras dão uma banana para o “veredito
das urnas” e migram da oposição para o governo na maior cara
dura, subvertendo o resultado da votação.
A
apuração da intensa movimentação dos parlamentares estaduais no
entra-e-sai pela “janela partidária”, mexeu bastante na
composição das bancadas na Assembleia Legislativa de Goiás
(ALEGO), conforme revelou Fabiana Pulcineli na edição
do dia 19/4 do jornal O Popular: “O
PR, que tinha três membros, deixou de ter bancada. O DEM, por outro
lado, não tinha representantes e agora tem três. Álvaro Guimarães,
Dr. Antonio e Iso Moreira passam a integrar a bancada democrata e a
fazer parte da oposição, que tem 13 parlamentares. O Podemos também
não tinha bancada e agora tem dois deputados”.
Fica
difícil dizer que isso não é um escárnio dos políticos com a tal
da opinião pública e com o eleitor. Os caras não estão nem aí
para o significado da função de representantes do povo no
Parlamento. O interesse dos próprios políticos, de seus grupos são
colocados acima de qualquer coisa. Eles mudam de lado de acordo com
as melhores conveniências de cada um deles, mas o preço é que a
política segue mal vista e considerada uma atividade de menor
importância. E isso já está na hora de terminar. Chega de janelas.
Basta de espertezas.
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