Dispensas na equipe do prefeito de Trindade: Um chamado à ordem interna
Jânio
Darrot diz respeitar as escolhas individuais mas não abre mão dos
princípios. Conclusão, quem quiser apoiar outros candidatos deixará
a equipe.
Prefeito Jânio Darrot (Foto: Reprodução) |
A
Superintendência de Comunicação e Eventos da Prefeitura Municipal
de Trindade divulgou a nota abaixo e em azul do prefeito Jânio
Darrot (PSDB) que certamente foi motivada pela exoneração, nesta
terça-feira (3), de Altamiro Alves de Carvalho Júnior (PTB) da
Secretaria Municipal de Desenvolvimento Regional, onde a jóia da
coroa é a Subprefeitura da Região Leste da cidade. Mirim, como é
conhecido, mantém estreitas relações familiares com Jânio Darrot,
são concunhados. Também houve a saída de Larissa Guimarães, filha
do ex-prefeito Valdivino Chaves Guimarães (PSD).
Vale
salientar que Mirim participou de uma cavalgada durante a Romaria
deste ano que tinha também um certo caráter de apoio à candidatura
de Ronaldo Caiado (DEM) a governador de Goiás. A propósito,
Valdivino Chaves já declarou seu apoio à postulação do senador
democrata que quer porque quer, porque quer mesmo, comandar o Governo
goiano pelos próximos quatro anos, a partir de janeiro de 2019.
Tais
manifestações contrariaram seguidores de Jânio, além dele
próprio, que deverá empenhar toda sua força e peso políticos para
que o governador José Eliton (PSDB), candidato à reeleição,
conquiste mais quatro anos como inquilino da Casa Verde (Salve, Hélio
Rocha). As dispensas em tela podem ser entendidas como um chamamento
à ordem no grupo governista.
Outro
que deixou seu posto no Gabinete de Jânio Darrot foi Bruno Manoel da
Costa (PSD) que tem percorrido várias cidades tentando viabilizar
sua candidatura a deputado estadual, que já teria tido conversa a
respeito de sua saída aconteceu lá no mês maio, segundo nos
informou ele mesmo.
De
um jeito ou de outro, os interesses do chefe do Executivo municipal
foram contrariados, porque o candidato a deputado estadual apoiado
por sua excelência é Francisco Oliveira (PSDB), como amplamente
noticiado inclusive pela assessoria do prefeito.
Feita
a breve contextualização acima, atentemo-nos ao menos um bocadinho
só ao teor da nota. “Respeitamos as escolhas individuais de cada
um dos nossos colaboradores, mas não abriremos mão de nossos
princípios”, afirma o prefeito. Lembrei-me do dito popular:
“Companheiro é companheiro...”. Bacana isso, mas o que salta aos
olhos é que não convém contrariar os interesses políticos do
prefeito e seu grupo, evidentemente. Para um bom entendedor, quem
quiser apoiar candidatos que não os escolhidos por Jânio Darrot
deve pedir para sair ou acabará exonerado.
“Não
podemos abandonar as pessoas que mais nos ajudaram quando
precisamos”, argumentou o prefeito. Isso é bonito toda vida e até
foi utilizada passagem bíblica para fundamentar a argumentação.
Sempre se poderá refletir sobre essa matéria, inclusive sob a
perspectiva dos apoiadores ora dispensados. Afinal, o acordo político
foi celebrado para a campanha do prefeito que então buscava sua
reeleição e, como é de praxe na política brasileira, goiana e
trindadense, muitas vezes isso significa participação em cargos na
administração. Quem foi dispensado agora pode perfeitamente, e se
quiser, sair por aí dizendo que quando ele, o prefeito-candidato,
precisou, eles o apoiaram, mas, neste momento o valor da parceria
acabou “relativizada” e para menos, bem menos, dispensável
diria.
E
uma curiosidade apenas, será que o combinado era que, vencidas as
eleições municipais e já em pleno andamento da gestão, seria
automático o apoio irrestrito aos candidatos da escolha do prefeito
para os embates no âmbito estadual e até federal? Se sim, quem está
agora querendo ciscar em outros quintais está errado; no entanto, se
não for este o caso, aí existe material para ao menos uma discussão
entre as partes, ora pois. Não são os próprios políticos que
dizem que cada eleição é uma história?
Andemos.
“Se somos um grupo unido, assim devemos permanecer nos tempos de
luta”, está escrito na nota. Mas as decisões em um grupo político
precisam passar por discussões dentro do grupo, ora pois. Caso os
apoios que o prefeito resolveu fechar com os candidatos já
conhecidos pelo público tenham sido fruto disso, tudo bem; mas, nos
bastidores, há conversa diferente. Vários interlocutores com quem
conversamos disseram que não houve consulta interna dentro do grupo
para se fechar apoios. Ou vale reunião em que se apresenta este aqui
é parceiro e terá nosso apoio?
De
resto, nada há de surpreendente na nota em questão, mas é melhor
mesmo dizer as coisas às claras. Diante das dispensas comentadas
aqui, o camarada poderia repetir com o Rolando Lero, aquele lá da
Escola do Professor Raimundo, “Captei a vossa mensagem, amado mestre”. No entanto, com a nota o motivo ficou ainda mais
explícito. Ou seja, a coisa não é assim tão bagunçada como se
estava pensando. E foi colocada uma ordem no terreiro, digamos assim.
Convém
salientar, provocava estranheza perceber que as coisas andavam, como
diremos, soltas pelos lados do grupo político no poder municipal
desde janeiro de 2013. Continuasse como estava, a base governista na
“Capital da Fé” poderia se tornar uma colcha de retalhos na
campanha que se avizinha. No mais, a regra geral é que, no poder,
muito pouca gente (e põe pouca gente nisso aí!), aceita críticas
numa boa e mais ainda detesta ter seus interesses contrariados. Pois
é. Sem mais para o momento, a gente pode até arriscar e dizer que o
jogo político mirando as eleições de outubro deste ano foi aberto
pelo principal jogador da partida, nos limites da “Capital da Fé”:
Jânio Darrot, prefeito de Trindade.
Nota:
Substituímos no título o termo "Demissões" (no Serviço Público tem o sentido de punição, que não é o caso) por "Dispensas", o mais adequado.
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Nota
do prefeito de Trindade
A
nossa gestão está alicerçada no companheirismo, honestidade e
transparência, na busca pelo progresso de Trindade e no bem-estar da
população. Respeitamos as escolhas individuais de cada um dos
nossos colaboradores, mas não abriremos mão de nossos princípios.
Pois não buscamos os nossos interesses, mas sim os de Trindade e de
nossa gente.
Vivemos
um momento onde os valores estão sendo relativizados, por isso, não
podemos abandonar as pessoas que mais nos ajudaram quando precisamos.
Nesses 6 anos de governo, contamos com ajuda de grandes amigos, que
muito fizeram por nós, agora quando eles mais precisam, não os
abandonaremos. Não somos e não podemos ser ingratos. O autor
sagrado, no livro Eclesiástico afirma, “um amigo fiel é uma
poderosa proteção: quem o achou, descobriu um tesouro. Nada é
comparável a um amigo fiel, o ouro e a prata não merecem ser postos
em paralelo com a sinceridade de sua fé”.
Se
somos um grupo unido, assim devemos permanecer, nos tempos de luta.
Reafirmamos o nosso compromisso por Trindade, por Goiás e por nossa
gente.
Jânio
Darrot
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