O turismo é a melhor opção para gerar emprego e renda em Trindade
Para
fortalecer mais o turismo é preciso que os setores público e
privado, juntamente com o segmento religioso, estejam de mãos dadas
para oferecer bem-estar aos turistas e trindadenses
Fernando Carlos, presidente do Conselho Municipal de Turismo de Trindade. |
Fernando
Carlos Pereira é goianiense de nascimento mas trindadense, pois vive
em Trindade onde tem amigos e família. Com formação em
administração de empresas e pós-graduação em Gestão de
Excelência Empresarial, Fernando Carlos é servidor público ativo da
Secretaria de Administração do Governo de Goiás. Há seis anos,
Fernando Carlos está à frente do Hotel Pousada Recanto do Pai, uma
empresa familiar, localizada ali em frente ao Santuário Basílica do
Divino Pai Eterno. Fernando Carlos preside o Conselho Municipal de
Turismo de Trindade e, sobre este assunto de extrema relevância para
os trindadenses, tivemos uma rápida conversa, cujos principais
trechos destacamos a seguir.
Blog
– Como está, hoje, essa questão do turismo no município? Tem
havido, digamos, política pública voltada para o fortalecimento
deste setor que, parece, tem sido o responsável pelo funcionamento
da economia local?
Fernando
Carlos – O turismo está crescendo em Trindade a cada ano que
passa. Nós, do segmento turístico, iniciativa privada, setor
público e os religiosos, temos que nos unir para acompanharmos esse
crescimento. Trindade tem um Conselho Municipal de Turismo ativo e já
foi um passo importante. Conseguimos realizar o Censo Hoteleiro da
cidade, em parceria com a Agência
Municipal de Turismo e Eventos (Agetur
Trindade), Goiás Turismo e a Associação Brasileira da Indústria
de Hotéis de Goiás (ABIHGO). Trata-se de um documento de extrema
importância para todos os gestores, tanto do setor público como da
iniciativa privada. Agora estamos buscando na Goiás Turismo a
realização do inventário do Potencial Turístico de Trindade,
outro instrumento também essencial para conhecimento de nossa
realidade turística, da existência dos recursos naturais, culturais
e, assim, fazermos um trabalho forte de marketing do Potencial
Turístico. Além de condições de buscar recursos de financiamentos
estaduais, federais ou internacionais para viabilizar a execução de
projetos aplicados aqui em Trindade. Assim, o turismo é a melhor
opção para a geração de emprego e renda, transformador de
economias e da sociedade. O que é bom para o turista, é bom para o
trindadense. Não temos política pública formulada e elaborada para
o desenvolvimento turístico. Temos, em Trindade, ações articuladas
com atividades sociais, culturais, ambientais, segurança e saúde,
concretizando benefícios em todos os níveis, porém sem um
planejamento estratégico de desenvolvimento turístico. Afinal de
contas, foi, é e sempre será, uma cidade turística.
Especificamente
para a Semana Santa, existe alguma preparação especial de atração
dos turistas para Trindade?
Fernando
Carlos – Estamos no período de baixa temporada, então a
procura dos turistas em Trindade é pequena neste momento. Semana
Santa é um evento tradicional, obviamente, com celebrações da
igreja então não muda muita coisa. E nós temos o evento da Grande
Caminha de Fé, mas os turistas que vêm a Trindade ainda não têm o
conhecimento e nem uma estrutura logística de assistir àquele
evento, na Rodovia dos Romeiros [encenação na Sexta-Feira da
Paixão]. Alguns hotéis levam os seus hóspedes para assistir,
inclusive aqueles que queiram ir e, assim, vão a um momento daqueles
vários lá e depois voltam para a cidade, mas é uma época de baixa
temporada, então não tem muita procura não. A temporada, que
começa a aquecer é a partir de maio e vai até meados de novembro.
Aí já é uma época boa de movimento do turismo em Trindade. A
partir do final de novembro até abril, aí é baixa temporada.
Blog
- Como está, hoje, o nível de ocupação de hotéis e pousadas no
município?
Fernando
Carlos – Nossos hotéis em Trindade chegam a 100% de ocupação
só no período da Festa, a Romaria do Divino Pai Eterno . No
restante do ano, é uma média de 70% de ocupação, nesta época de
maio a [que acontece no final de junho, início de julho] novembro.
Mas se fizermos uma média do ano todo, dá em torno de 50% de
ocupação, por causa da baixa temporada. E o movimento acontece nos
finais de semana. No meio de semana quase que não tem procura.
Muitos hotéis ficam fechados no meio de semana.
Blog
- E quanto ao nível de preparação dos trabalhadores nos hotéis,
pousadas, bares e restaurantes de Trindade? A mão-de-obra atual está
qualificada?
Fernando
Carlos – Essa é uma situação que a gente vem pelejando há
mais de dois anos, buscando essa qualificação da mão-de-obra
voltada para o turismo em Trindade. E a Prefeitura, especialmente a
Secretaria Municipal da Indústria e Comércio, fez parcerias com o
Sebrae, Senac, e está trazendo cursos para Trindade, gratuitamente.
Cursos que seriam pagos, em Goiânia, e mesmo assim, não dá quórum,
o pessoal não vai, e não tem essa cultura de se capacitar. Isso aí
é um tanto quanto complicado. Teve curso agora, de como gerenciar
seu pequeno negócio, só teve pessoas que iriam montar um negócio.
Então, quase não teve ninguém nem da rede hoteleira nem
empresários, empreendedores nem de restaurantes, foram poucas
pessoas que procuraram. Eu até fiz questão de olhar isso lá na
Secretaria de Indústria e Comércio. E saber quem participou desse
curso gratuito. Então, a gente tem que conscientizar nossos
empreendedores, de todos os segmentos, de se capacitarem melhor.
Outro lado também, e a gente está trabalhando isso, é de ir às
Faculdades, algumas palestras, mostrar que tem serviços, empregos,
na área do turismo. Só precisa de se qualificar para isso.
Inclusive, eu tive conversando com o pároco da Igreja Matriz, Pe.
João Bosco, de também nas oficinas que eles fizerem lá, que se
fale sobre o turismo, incentivar os jovens a seguirem, a procurar,
este tipo de qualificação para nós aqui em Trindade. Para que você
tenha uma noção, Trindade tem pouquíssimos guias turísticos
oficializados, registrados, uns dois ou três, no Ministério do
Turismo. Então, isso é uma situação muito complicada. A maioria
dos guias registrados no Ministério do Turismo que acompanham
excursões em Trindade são de Goiânia. Eles é que estão tomando
conta desse mercado em Trindade.
Blog
– Quer dizer que está havendo um certo esforço no oferecimento de
oportunidade aos interessados em se capacitar para o Turismo, em
Trindade?
Fernando
Carlos – Agora sim, está tendo curso voltado para o segmento e
também condições para o pessoal buscar informações. A gente quer
levar mais palestras para as pessoas, principalmente no setor
hoteleiro e na área de turismo, para incentivar o trindadense que
não conhece a cidade como uma cidade turística. Muitos nem sabem da
história de como começou a cidade. Teve um trabalho bacana aí do
professor Bento Fleury, juntamente com a Talitta Di Martino, de levar
alunos, se não me engano da sétima série, para fazer um tour
pela cidade, e conhecer a história local, isso foi muito bom. Há
algumas ações bacanas, e é só mesmo a gente estruturar isso
melhor e mostrar que nossa cidade tem emprego sim e só falta
interesse e o pessoal também procurar essa qualificação,
disponibilizar mais cursos, estrutura e informações e o pessoal de
Trindade também procurar essa disponibilidade que está acontecendo,
precisa melhorar, mas já está acontecendo, para se capacitar melhor
e tomar conta do nosso mercado.
Blog
- O que precisa ser feito, em sua opinião, para que o turismo se
fortaleça ainda mais no município?
Fernando
Carlos – Para que o turismo seja forte, tem três pilares: o
poder público, o segmento hoteleiro, setor privado em geral e o
segmento religioso, a Igreja. Estes três pilares tinham que estar
falando a mesma língua, buscando o mesmo objetivo comum, que é
atender o turista da melhor forma, com uma estrutura boa de
segurança, saúde e meio ambiente, tudo isso voltado para um só
objetivo, que seria a política pública com o foco no
desenvolvimento local. Assim o turismo ficaria forte e capaz de gerar
emprego, renda para a população e a população também ser
beneficiada por essas melhorias de infraestrutura, porque o que é
bom para o turista, é bom para o trindadense, mas tem um problema
sério, uma lacuna entre esses três pilares. Cada uma no seu
quadrado, com as suas ações. Muitas das vezes tem um evento
interessante, que a rede hoteleira podia divulgar com bastante
antecedência para um grupo de excursão vir para Trindade,
participar e ninguém fica sabendo. Quando a gente fica sabendo é
um, dois, dias antes e nem dá para divulgar como poderia ser feito.
Então, eu vejo assim, esses segmentos teria que estar de mãos dados
no nosso município para ter uma união de ações em conjunto e, com
isso, acho que fortaleceria sim o turismo em Trindade, algo mais
organizado. Nós precisamos nos organizar, até porque com a nova
igreja [nova Basílica em construção], com o maior sino do mundo,
além de outras opções que temos em Trindade, que são como
referência por todo lado. Para você ver, um desfile de carros de
boi, que é reconhecido como patrimônio cultural, a Via-Sacra ao ar
livre [na Avenida Constantino Xavier], a Grande Caminhada de Fé, tem
muita coisa boa em Trindade, que a gente não consegue explorar para
o turismo. Se esses três pilares, gestão pública, setor privado e
segmento religioso se unissem em prol desse mesmo objetivo, eu acho
que aí sim isso fortaleceria o turismo e teríamos uma estrutura
melhor para receber as pessoas, os turistas, os religiosos em geral e
também melhoraria essa infraestrutura e tudo também para o
trindadense, a nossa sociedade. Vejo que é a única forma de
fortalecer o turismo no município, uma gestão pública mais
eficiente, em que deve considerar o turismo como eixo central na
formulação de políticas públicas. Aí, sim, com o foco no
desenvolvimento local. Acho que isso seria o ideal. Não querendo
desmerecer os outros segmentos, mas no turismo é tudo e quando você
foca nele vai refletir em todos os outros setores. Só falta enxergar
por essa lado, mas todos nós. Não digo, não estou criticando, só
a gestão pública, incluindo o Legislativo municipal que nesta
legislatura não vi ninguém levantar essa bandeira, eu critico é o
geral. O segmento empresarial que também não vê com esses olhos, o
segmento religioso. Então, a gente tem que sentar, e ponderar e
estar de mãos dadas para alcançar esse objetivo comum, que é o
bem-estar do trindadense e dos turistas.
Erramos
Fernando Carlos Pereira é o nome correto do entrevistado e não "Fernando Costa Pereira", como havíamos escrito anteriormente. (Às 22:37h, de 27.03.2019)
Erramos
Fernando Carlos Pereira é o nome correto do entrevistado e não "Fernando Costa Pereira", como havíamos escrito anteriormente. (Às 22:37h, de 27.03.2019)
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