Por falar em sacrifício pelo Brasil e pela previdência
Quem
fala em sacrifício pelo Brasil já se aposentou ou trabalha sob
contrato que suaviza o pagamento de tributos, contribuições
previdenciárias inclusive
Acompanhando
a discussão em torno da proposta de reforma da previdência que está
em tramitação no Congresso Nacional, produzida pela equipe do
ministro da Economia Paulo Guedes, sob o comando do presidente Jair
Bolsonaro (PSL), me ocorreu uma coisa singela, talvez até simplória.
Há muitos excelentíssimos apoiadores da adoção de critérios mais
rigorosos, draconianos até, para que os outros se aposentem no
Brasil. No meio desse pessoal se encontram jornalistas contratados
como pessoas jurídicas (claro, ninguém gosta de pagar impostos,
inclusive contribuições previdenciárias…) e analistas de
mercado. Os notáveis desse time que ganham muito dinheiro acham
absurdo se aposentar com cinquenta e poucos anos de idade, mesmo que
o cidadão tenha pago uns trinta e cinco anos ou mais de
contribuições para os cofres previdenciários. Uai, fácil. Basta
que eles renunciem a este direito. Ninguém é obrigado a solicitar a
aposentadoria. Se eles não querem se aposentar, tudo bem. Agora, os
outros viventes, do lado de cá, se o quiserem devem ter resguardado
o direito à aposentadoria cumpridas as atuais exigências. Dia
desses ouvi um renomado comentarista de economia e apresentador de
programas jornalísticos em rádio e televisão dizendo que as
pessoas têm mesmo que se conformar com o fato de que terão que
trabalhar por mais tempo e receber benefícios menores, como
sacrifício para que as futuras gerações de brasileiros igualmente
possam um dia se aposentar. Quem pensa assim e defende tal ideia, bem
que podia dar exemplo de desapego, renunciando ao seu direito de
requerer aposentadoria, deixar pensão para os dependentes. E sim,
inclusive os atuais líderes políticos que só falam em reformar a
previdência dos outros enquanto estão por aí gozando
aposentadorias polpudas. Mas sabe quando essa gente se sacrificará
pelo equilíbrio da previdência brasileira? No dia de são nunca.
Esse povo cuida, sempre foi assim, muito bem dos próprios
interesses, com discurso bonitinho toda vida. São muito bons nisso.
A ideia é que os outros se sacrifiquem enquanto passam boa parte do
ano no estrangeiro, de férias, a passeio, pois dinheiro não é
problema. Pronto falei.
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