Quem não tinha voz hoje grita ao mundo via internet
Apesar
dos xingamentos e impropérios diários nas redes sociais, melhor
assim do que a impossibilidade de se manifestar
Imagem ilustrativa: Arquivo Google |
A
internet deu voz a muita gente que não conseguia se fazer ouvir e
isso foi muito bom. Dito de outro modo, quem não tinha voz hoje
grita ao mundo via bits e bytes e gigabytes. O ruim é que muitas
pessoas usam esta possibilidade neste poderoso canal de comunicação
para destilar ódios, xingamentos e toda sorte de impropérios contra
os outros como se estivessem apenas criticando alguém ou uma ideia.
Na verdade, o outro recebe tratamento de inimigo a ser exterminado.
Qualquer assunto vira motivo para alguém se insurgir contra e, não
raro, da forma mais grossa possível. E o que não falta é plateia
para animar o espetáculo de baixaria tão comum nas tais redes
sociais, principalmente no Twitter, Facebook, Instagram e grupos de
Whats App. É de dar dó. No entanto, troca de insultos costuma
lacrar a internet e o lacrador ganha seguidores, likes, curtidas e
compartilhamentos. Ou seja, o sujeito vira celebridade, melhor
dizendo, tornar-se digital influencer. Aí ninguém mais
segura o cabra alçado ao olimpo da popularidade “internética”.
Mas é melhor assim do que daquele outro jeito, no qual ninguém
podia falar era nada, ou melhor, podia sim, desde que fosse para
concordar com quem se encontrava no poder. Claro que seria melhor se
o ambiente das redes sociais fosse pacífico, palco de discussões
ainda que intensas, controversas, porém marcadas por respeito mútuo.
Se na prática a teoria é diferente, na vida real a banda toca
acordes nervosos. É o que se tem para hoje, nesses tempos doidos,
plenos de um povo disposto à agressão inclusive gratuita. Verbal e
fisicamente falando, vale frisar. O lenitivo é que “paz sem voz
não é paz, é medo” (Minha Alma, O Rappa).
Daí, é preciso ter coragem mesmo e arranjar doses cavalares disso
para todo santo dia. Lembrei-me agora, olha para você ver que coisa,
de que o saudoso jornalista Ricardo Boechat, falecido no mês passado
vítima de uma queda de helicóptero, “não dava palanque para
otários”. Talvez esteja aí o método a ser aplicado diariamente
em nossas relações virtuais de hoje em dia. Pois é, pois é pois
é.
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