Sem muitos motivos para comemorar este Dia do Professor
Profissionais
da Educação estão vivendo momentos extremamente difíceis,
conquistas duramente conseguidas por gerações de profissionais,
estão se dissipando
Alaôr Dorneles: Momentos difíceis pra profissionais da educação. |
Em
15 de outubro comemora-se uma data extremamente importante para a
sociedade, o dia do professor. Se pensarmos na conjuntura atual,
infelizmente, não temos muito a comemorar, pois uma série de
medidas que estão sendo tomadas por todos os níveis de governo, tem
atingido de forma brutal os profissionais que atuam na Educação do
Brasil, tanto no que se refere aos seus direitos, quanto às suas
condições de trabalho.
A
Constituição Brasileira é muito clara ao estabelecer a importância
da Educação e de seus profissionais para o pleno desenvolvimento
das pessoas. Nesse sentido, apontaremos para nossa reflexão, alguns
artigos da Carta Magna que fazem referência direta à Educação:
Em
seu Art. 205, afirma que “A educação, direito de todos e dever do
Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração
da sociedade, visando o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo
para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.”
Salienta,
no art. 206, que o ensino será ministrado com base nos seguintes
princípios: liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o
pensamento, a arte e o saber. Pluralismo de ideias e de concepções
pedagógicas. Gratuidade do ensino público em estabelecimentos
oficiais. Valorização dos profissionais da educação, garantidos
na forma da lei. Planos de carreira, com ingresso exclusivamente por
concurso público de provas e títulos. Gestão democrática do
ensino público. Piso salarial profissional nacional para os
profissionais da educação escolar pública.
Faz
referência, no art. 207, a autonomia das Universidades Federais, que
atualmente vêm sofrendo por parte do Governo Federal um ataque
sistemático, visando precarizá-las, com o intuito de privatizar o
Ensino Superior ou mesmo terceirizá-lo. Ataque este que trará um
enorme prejuízo para a classe social menos favorecida.
Em
seu art. 208, a Constituição Federal estabelece de que forma o
dever do Estado com a Educação será efetivamente garantido.
Mesmo
com todas as garantias constitucionais acima mencionadas, o que temos
assistido, tanto nas esferas Federal, Estaduais e Municipais, é um
metódico ataque à escola pública, laica, gratuita e de qualidade.
Em
Goiás, os profissionais da Educação estão vivendo momentos
extremamente difíceis, conquistas duramente conseguidas por gerações
de profissionais, estão se dissipando, sem nenhuma consideração
com esta laboriosa categoria profissional, tão relevante para a
sociedade goiana.
A
título de informação, citaremos algumas medidas que estão sendo
tomadas pelo Governo Goiano, que comprovam o massacre que vem
sofrendo a Educação em Goiás.
Temos
na Educação Pública de Goiás, um déficit de mais de nove
mil (9.000) professores, contrariando a Constituição Federal que
preconiza a realização de concurso público para o preenchimento
desses cargos. Não é a isso que estamos assistindo, o que vemos é
a precarização da qualidade da Educação, uma vez que os
profissionais contratados são temporários, com relações de
trabalho de extrema exploração, com um rodízio muito grande,
somando-se a todos estes pontos não existe uma política voltada
para a qualificação desses profissionais.
Outro
descaso, até o mês de setembro de 2019, o Governo de Goiás não
cumpriu a Lei do Piso, que garante aos profissionais da Educação o
seu reajuste anual, cujo índice para este ano é de 4,17%, e que
deve ser pago para todos, efetivos, aposentados e contratos
temporários.
Foi,
também, aprovado pela Assembleia Legislativa de Goiás, a Proposta
de Emenda à Constituição (PEC) da Educação (PEC 990/19), que
inclui os 2% da Universidade Estadual de Goiás (UEG) nos 25% da
Educação Básica, reduzindo assim a verba orçamentaria prevista na
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e na
Constituição Federal.
Os
profissionais Administrativos da Educação estão há dois anos sem
a data-base, com isso grande parte da categoria está recebendo
vencimentos menores do que um salário mínimo, o que é uma grande
injustiça com estes trabalhadores, tão significativos para o
desenvolvimento das atividades cotidianas das escolas.
Poderíamos
continuar enumerando mais atitudes do Governo, que vem demonstrando o
seu total descaso com a Educação e seus profissionais. Porém, ao
invés de nos desanimar, ao contrário, nos dá forças para
continuarmos na luta pela manutenção e conquista de nossos
direitos, e principalmente por uma escola de qualidade para todos.
Que
este 15 de outubro seja o marco para os profissionais da Educação
perceberem e se conscientizarem que é momento de nos unirmos, acima
de qualquer paixão, para determos esta marcha de insensatez. É
salutar que nossa união para o bem da Educação seja uma luz que
nos guia para um futuro de boas colheitas, caso contrário iremos
marchar com muita rapidez para um passado sombrio.
É
também momento de percebermos que o trabalho e a luta pela
valorização profissional, o respeito à carreira e ao ensino
público de qualidade para todos é o desafio a ser vencido
diariamente em todas as esferas de governo e esferas de poder.
Assim,
apesar de todas as intempéries atuais, quero parabenizar todos os
professores pelo trabalho digno que realizam no cotidiano da sala de
aula, em prol de uma sociedade cidadã, justa e fraterna.
Um
abraço,
Professor Alaôr Dorneles de Oliveira é vice-presidente do
Sindicato dos Trabalhadores em Educação em Goiás (Sintego) –
Regional Trindade.
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