Ser professor é modo de vida, não apenas um título


Sem Professor não tem como fazer acontecer a educação. Sem educação, as pessoas não são transformadas. Sem pessoas transformadas, o Brasil não melhorará

Marcos Queiróz: Ser professor não é apenas um título. (Foto: Reprodução)



Mais do que em todas as profissões, pessoas se aventuram a ser Professor. Muitas vezes por falta de opção ou até mesmo por frustração em carreiras que não obtiveram sucesso. “Dar aula”, como dizem, não é apenas um repasse de conteúdos, é muito mais do que isso. Existe uma diferença muito grande entre uma aula ministrada por um Professor e aquela ministrada por um “dador de aula”.

O Professor deve, antes de tudo, encantar o aluno, fazer com que ele se sinta seguro e tenha sonhos. Sempre afirmo que o Professor deve ser um alimentador de sonhos. Penso que, talvez por isso, temos uma carência grande do profissional “Professor”, uma peça rara no jogo da vida.

Sem o Professor não existirá Médicos, Engenheiros, Advogados etc... e talvez seja a falta do verdadeiro Professor um dos motivos para tantos profissionais desqualificados. O Brasil está carente de pessoas diferenciadas em todas as áreas, mas na carreira do Magistério, com certeza, a carência é assustadora.

Há um grande número de vagas ociosas nas universidades públicas, nas particulares, nem se fala. Menos de 10% das vagas nos cursos de Matemática, Física, Química, estão preenchidas. Os jovens não se interessam pela carreira docente, logo, os cursos de licenciatura estão às moscas. Essa falta de interesse do jovem pela carreira docente é atrelada também à falta de estímulo para o exercício da profissão.

Ser Professor, principalmente em escolas públicas, é inclusive um risco de morte em certos lugares. No Brasil, Professor é tratado sem nenhuma deferência. Vendo a história em países de primeiro mundo, em que ser Professor é destaque, referência e, sobretudo, é ser considerado e respeitado. No Japão, por exemplo, onde tem tradições milenares, o Imperador faz reverência somente quando cumprimenta Professor, tamanha é a deferência, consideração e respeito.

É claro que a questão salarial tem peso nesta questão. Pergunto: por que o grande interesse dos jovens pela Medicina, Direito etc? Será que todos são vocacionados? Ouso responder: claro que não, muitos escolhem essas profissões pelo simples fato de ganharem um salário melhor. O que não acontece na carreira docente, principalmente, no setor público. Enquanto um Médico, com apenas a graduação, tem salário em torno de R$ 12.000,00 por 40 horas trabalhadas, um professor, com mestrado, tem salário em torno de R$ 5.000,00 pelas mesmas 40 horas.

São questões como essas que um governo sério precisa pensar. Se não investir na educação, seremos sempre terceiro mundo. E quando falo investir, não estou falando apenas da questão salarial, falo da infraestrutura, do pedagógico, da gestão, da cobrança de resultados e tantos outros fatores que resultam em uma educação de excelência, como aconteceu na Dinamarca, Finlândia, África do Sul e outros.

Estamos longe de uma excelência na educação, como estamos longe de excelência na medicina, na engenharia, no judiciário, no executivo, no legislativo e em todos os setores de nossa sociedade. Mas uma coisa é certa, só se melhora um país pela educação, enquanto não acordarmos para isso, e nossos governantes não agirem nesse sentido, não sairemos do lugar. A educação transforma as pessoas e melhora o mundo e quem é preparado para fazer a educação acontecer é o Professor.

O que falta em nosso Brasil e aos nossos governantes, resumo em poucos pontos: Honestidade, Seriedade, Espírito de Justiça e Vontade Política. Enquanto não tivermos governantes com esses predicados, continuaremos nessa mesmice.

Sem Professor não tem como fazer acontecer a educação. Sem educação, as pessoas não são transformadas. Sem pessoas transformadas, o Brasil não melhorará. Simples Assim!

Que Deus nos abençoe!


Professor Marcos Antônio de Queiróz é diretor do Colégio e Faculdades Aphonsiano.


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