Parlamentares brasileiros formam maioria para retirar direitos dos outros
No
ano de 2019 os trabalhadores assalariados, principalmente os do setor
público, viram direitos trabalhistas e previdenciários sendo
retirados por quem mais goza de privilégios, os políticos
Neste
ano de 2019 que está chegando ao final no ritmo de 60 minutos por
hora, os parlamentares brasileiros, nos níveis estaduais e federal,
sempre que se viram diante da análise de matéria cujo mérito era
retirar direitos de trabalhadores assalariados, não titubearam e
formaram maiorias pela aprovação da dita cuja. A argumentação em
casos assim é sempre aquela de que é preciso ter coragem de cortar
na carne… dos outros, bem entendido, pois os privilégios dos
políticos tupiniquins, esses permanecem “imexíveis”, lembrando
termo ao sabor do ex-ministro Rogério Magri.
Foi
assim com a reforma trabalhista do ex-presidente Michel Temer (MDB).
“Vamos modernizar a legislação trabalhista para que o
empresariado possa ter um ambiente propício para a realização de
novos investimentos que resultariam na criação de mais empregos”,
ouvia-se a torto e a direito. Os discursos reformistas davam a
entender que os investidores, com destaque para os endinheirados
internacionais, só esperavam pela aprovação das reformas para
carrear bilhões de dólares para as terras brasileiras. Os
excelentíssimos aprovaram a coisa e hoje temos aí uns 12 milhões
de desempregados por este Brasil de meu Deus. Tudo não passou de
conversa mole para boi dormir.
Veio
a hora da reforma da Previdência que foi aprovada e vai
produzir benefícios (aposentadorias e pensões, sobretudo) menores,
com certeza. Os reformistas sempre tratam do assunto como se
aposentar, receber pensão ou um auxílio-doença decorresse da
bondade estatal, ignorando, na cara dura mesmo, estar-se falando de
um seguro obrigatório para o trabalhador paga na fonte sem choro nem
vela. Ah, e inclusive os já aposentados continuam pagando
contribuição previdenciária sobre a parte que excede o teto do
Regime Geral de Previdência Social (RGPS).
Na
verdade, mudaram a regra do jogo com a partida em andamento outra vez
(Fernando Henrique Cardoso (PSDB) fez isso; Lula (PT) copiou e
Bolsonaro (sem partido) idem) e novamente deputados federais e
senadores formaram maioria no Congresso Nacional e aprovaram tudinho
e, justiça se faça, muito mais pela articulação do presidente da
Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM/RJ), e o presidente do Senado,
Davi Alcolumbre (DEM/AP), do que por qualquer ação de outras
autoridades.
Os
excelentíssimos parlamentares nem ruborizaram as respectivas faces
quando, passados poucos dias após terem aprovado uma reforma
previdenciária terrível para os outros, passaram a defender o
aumento do já bilionário fundo de financiamento público das
campanhas eleitorais, visando à disputa pelos cargos de prefeito,
vice e vereadores nos mais de 5,5 mil municípios brasileiros, em
outubro de 2020. Sinceramente, esse pessoal é ousado e abusado
demais da conta. E tudo fica por isso mesmo. Misericórdia!
No
nível estadual, vimos os deputados, liderados pelo presidente da
Assembleia Legislativa de Goiás (ALEGO), Lissauer Vieira (PSB),
sustentado por deputados parceiros como o Bruno Peixoto (MDB), líder
do governo na Casa, e o deputado Dr. Antônio (DEM), vice-presidente
da ALEGO e de olho comprido pelas bandas da Prefeitura de Trindade,
dentre outros bravos parlamentares governistas, que realizaram sessão
num sábado de dezembro, para sacramentar a retirada de direitos dos
servidores públicos (apelidado de “pacote de maldades”) e,
dentre estes, a reforma da Previdência do funcionalismo público
estadual, que inspirada na ruindade da reforma aprovada lá em
Brasília (DF), produzirá benefícios mais baixos enquanto se eleva,
por outro lado, a contribuição descontada nos contracheques dos
servidores.
Como
se não bastasse, na sequência da aprovação de matérias cujos
efeitos serão sentidos por centenas de milhares de famílias,
começaram a circular nas redes sociais (grupos de WhatsApp, contas
no Facebook e Twitter) mensagens depreciando servidores públicos,
atribuindo aos salários destes trabalhadores a culpa pelo
descontrole fiscal que vem longe no tempo. Mas é claro que os
privilégios dos parlamentares estão mantidos. Os excelentíssimos
continuarão com seus assessores, servidores comissionados indicados
para postos no Governo de Goiás (os que não votam de acordo com a
vontade do governador têm seus protegidos demitidos sumariamente,
pois Caiado não perdoa), internet, telefone fixo, celular, carro com
motorista e combustível à disposição, auxílio-moradia, diárias
para viajar (em serviço, preferencialmente), salário mensal de mais
de 25 mil reais, plano de saúde, enfim, uma realidade impensável
para qualquer trabalhador normal.
O
marketing reformista defende a diminuição de direitos em geral como
condição para se redesenhar a máquina pública brasileira em
tamanho menor, tornando-a mais barata e eficiente. É de se duvidar
que isso ocorra, mas nenhum desses bravos defensores, principalmente
aqueles que escreveram os projetos e os políticos que os aprovaram,
serão responsabilizados daqui a pouco no caso das medidas tornadas
leis venham a produzir um nada de avanço econômico e social em
benefício de todos, mais especialmente daqueles que sentiram nos
bolsos uma espécie de mão invisível retirando-lhes direitos. É
isso aí. Mais não digo nem me foi perguntado.
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