Prevenir para não remediar
“Devemos
cultuar suas virtudes e mirar nos seus ensinamentos. O legado de
RONDON para os índios é monumental”
Marechal Rondon junto aos índios. (Foto: Reprodução/OGlobo) |
Há
155 anos, filho de Cândido Mariano da Silva e Claudina Lucas
Evangelista, nascia em Mimoso CÂNDIDO MARIANO DA SILVA. A melhor
descrição de Mimoso é de Rondon: " Incomparável Jardim da
Natureza, emoldurado de verdes morrarias, adornado de altaneiros
buritizais, densas cordilheiras de carambazais, circundado de
volumosas baías que escoam para o rio Ibitiraí (Cuiabá), o
pantanal de Mimoso, bucólica localidade onde nasci, e o rincão
pastoril mais belo da terra de Antônio João, do Brasil, quiça do
mundo." Nestas épocas de pandemia, muita gente foi fazer
quarentena em Mimoso.
Rondon
ficou em Mimoso até os 7 anos de idade. O escravo Fava o levou para
Cuiabá, para fica na casa de seu tio Manoel Rodrigues Rondon e ai
completou o normal
aos 16 anos. Sozinho, foi sentar praça no Rio de Janeiro. Estudou na
Academia Militar, participou dos movimentos que culminaram com a
Proclamação da República, inclusive, foi um dos condutores dos
cavalos para Mal. Deodoro da Fonseca montar, galgou com sucesso a
carreira militar.
Ao
invés de ficar à beira da praia e trabalhar na burocracia da
República, embrenhou-se na floresta, rios, pantanal e montanhas,
fazendo cartografia, construindo linhas telegráficas, abrindo
estradas e fincando marcos de divisas. Tudo pelo amor à pátria,
família e humanidade. Rondon foi um fiel à doutrina positivista de
Augusto Comte. Tanto o é que o nome da Escola de Mimoso é do rol
dos Santos Positivistas: Santa Claudina.
Às
vezes, foi incompreendido. No trabalho das linhas telegráficas
demitiu-se pela desconfiança de Juarez da Távora, mas, foi
requisitado pelo próprio Getúlio Vargas. Na criação e manutenção
do SPI fez um trabalho extraordinário na proteção dos índios,
criando reservas, medindo terras e demarcando terras para os índios.
Um dos seus famosos discípulos foi Darci Ribeiro, que discursou em
19 de janeiro de 1958 no sepultamento de Rondon no cemitério São
João Batista, no Rio de Janeiro: "...Quero
recordar aqui os quatro princípios de RONDON, aqueles que orientam a
política indigenista brasileira desde 1910, mas constituem ainda
hoje, a mais alta formulação dos direitos dos 60 milhões de
indígenas de todo mundo. O primeiro princípio de RONDON, 'morrer se
preciso for, matar, nunca'… o segundo princípio de RONDON é o
respeito às tribos indígenas como povos independentes… tem o
direito de ser eles
próprios, de viver suas vidas… o terceiro princípio de RONDON é
o de garantir aos índios a posse de suas terras que habitam e são
necessários à sua sobrevivência… o quarto princípio de RONDON é
assegurar aos índios a proteção do Estado", por não poder
competir com a tecnologia da nossa sociedade infinitamente superior.
Escolhido
pelo Presidente da República para compor e presidir a Comissão de
Arbitragem em Letícia, para resolver o problema das disputas de
terras entre Equador e Colômbia, no seu retorno, foi recebido pelas
altas autoridades da República. Com o dinheiro que recebeu, mandou
construir a Escola Santa Claudina em Mimoso, cujo engenheiro foi José
Garcia Neto, depois Governador do Estado e a madeira foi tirada por
Guaraci Queiroz das Neves, neto de Antonia Rosa da Silva, madrinha de
RONDON e minha bisavó.
Rondon foi laureado pelo Exército brasileiro com a Patente de
MARECHAL.
RONDON
é um exemplo para nós. Jamais, nenhum de nós haverá de
substituí-lo. Devemos cultuar suas virtudes e mirar nos seus
ensinamentos. O legado de RONDON para os índios é monumental.
Na
diplomacia, viajou o centro/norte do Brasil com Theodore Roosevelt,
descobriu um rio e o nominou com o nome do ex-presidente do EUA. O
museu de história natural de Nova York tem uma seção dedicada a
RONDON. Na
Bélgica tem um condado com seu nome. O meridiano 52 W tem seu nome.
É patrono das Comunicações do Brasil e do Exército.
O
único ente da federação no Brasil com nome de uma pessoa é
RONDÔNIA. Criou o traçado das BR's 070 e 364. Em Mimoso nos legou a
ESCOLA SANTA CLAUDINA. Quantos de nós Mimosianos não estudamos
nesse educandário, cujo primeiro Diretor foi o Tenente Euclides,
cuja filha Dona Antonia é Tabeliã do Cartório de Registro de
Diamantino.
Assim,
ao comemorarmos, ainda que distante um do outro o seu nascimento,
devemos reverenciar RONDON e lhe sermos gratos por tudo que fez. O
seu legado nos será eterno.
Sebastião Ferreira Leite (Juruna). |
Qual
seria o recado de RONDON para nós, hoje?
PREVENIR
PARA NÃO REMEDIAR. Esta
é a mensagem para nós mimosianos, levergenses, mato-grossenses e
brasileiros: vamos prevenir para enfrentar a pandemia e buscar um
futuro com paz e amor. Distantes pelo isolamento social, mas,
comungando do mesmo ideal. Juntos somos fortes! RONDON, de onde
estiverdes junto. De adeus, OLHAI POR NÓS!
PS:
RONDON agradeceu os descendentes de Fava destinando-lhes um pedaço
de terra aos descendentes de Agostinho (filho de Fava) - Txá Dita de
Cridio, Durico e Olímpio. Os netos de Dona Benedita ainda residem em
Mimoso. Ninita e Antonio, Eduardo, Gibi, Elis, Santa, Cerdilina,
Maria de Dicó, Nhazinha, Ilda e Moacir, Minha mãe de Leite Servina,
Carlinhos, Delson, Flávia e Nilson. Este assunto mereçe um estudo
melhor. Mesmo porquê esta tese era da memória de minha avó Belina,
a filha
mais
nova de minha bisavó Antonia Rosa e vovô Dandá, que quando nasceu
em 1910, RONDON já estava dando ordens em MT.
Sebastião
Ferreira Leite
é
Mimosiano
e advogado militante
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