O bem que temos em comum

Conheça mais sobre o Rotary e como você pode participar desses desafios globais

Maria do Carmo Zinato, gestora. (Foto: Reprodução)


Existem várias organizações não governamentais fortes e coerentes que trabalham monitorando, orientando e realizando algumas ações estruturantes relacionadas à conservação e proteção dos recursos naturais, promoção da sustentabilidade ecológica e fomento da harmonia entre as comunidades e o meio ambiente. Uma delas é o Rotary International, materializado em cada cidade, por um Rotary Club composto de líderes comunitários, amigos e vizinhos que se unem para promover mudanças duradouras em suas comunidades e no mundo.

Por mais de um século, o Rotary tem criado conexões entre culturas e continentes. Rotarianos defendem a paz, trabalham para erradicar o analfabetismo e a pobreza, ajudam as pessoas a terem acesso a água limpa e saneamento e combatem enfermidades como a pólio, sarampo, depressão e outras enfermidades.

Com dedicação, energia e inteligência, nossos associados ajudam a humanidade há mais de 110 anos. Apesar de somente em 2021, o Rotary International ter adotado a causa da proteção de nosso planeta e seus recursos, já faz tempo que habilitamos as comunidades às quais servimos, fornecendo subsídios financeiros e outros recursos, apoiamos soluções locais e estimulamos a inovação no sentido de tratar as causas e reduzir os efeitos das mudanças climáticas e da degradação ambiental. Os associados dos milhares de Rotary Clubs espalhados pelo mundo abordam questões ambientais da mesma forma como tratam outros assuntos: elaborando projetos, utilizando suas conexões para mudar normas de maneira positiva e planejando para o futuro.

Diana Schoberg, escritora e editora da Revista Rotary em temas como saúde global e meio ambiente, lembra que uma coalizão de pesquisadores e cientistas, liderada pelo ambientalista e escritor Paul Hawken, analisou matematicamente o impacto que possíveis soluções poderiam causar no clima e na economia, de forma a identificar as que produziriam os melhores resultados para os seres humanos e o planeta. A lista, compilada no livro de 2017 chamado "Drawdown": The Most Comprehensive Plan Ever Proposed to Reverse Global Warming", incluía algumas possibilidades surpreendentes, tais como a educação formal de meninas, promoção do planejamento familiar e ajuda a agricultores.

Vale ressaltar que as possíveis soluções se alinham às áreas de enfoque do Rotary. Essas áreas coincidentes podem ser vistas na página sobre a causa Meio Ambiente, no website Rotary.org, onde cada conjunto de soluções é analisada à luz das ações de rotarianos ao redor do mundo, realizadas com projetos de Subsídios Globais do Rotary.

Exemplo 1 - As práticas de agricultura regenerativa incluem métodos que aumentam a quantidade de matéria orgânica no solo — com alta dose de carbono — produzindo vegetais mais saudáveis, por exemplo a não utilização de arados (para evitar comprometer a qualidade do solo), alternância e variedade das plantações no mesmo solo e limitação ou abstenção de agrotóxicos e fertilizantes sintéticos.

Segundo os especialistas da Drawdown, leva 10 anos para que a agricultura regenerativa aumente o nível de matéria orgânica no solo entre 4% e 7% (um adicional de 25 a 60 toneladas de carbono armazenado no solo por acre). Ou seja: menos fertilizantes, redução do carbono na atmosfera e aumento da produção do trabalhador do campo.

Quarenta pessoas de Meihua, em Taiwan, foram formadas em técnicas bio-agrícolas graças a um projeto de Subsídio Global entre os Rotary Clubs de Taipei Lungmen, em Taiwan, e Patumwan, na Tailândia. O empreendimento, que contou com a Associação de Agricultura Biológica de Taiwan, envolveu a abertura de um centro de treinamento e a realização de estágios em fazendas orgânicas. O objetivo dos organizadores era que os produtores conseguissem baixar os custos ao não utilizarem pesticidas e pudessem lucrar mais com a venda do produto orgânico, que tem um preço mais elevado comparado ao cultivado com agrotóxicos.

Exemplo 2 - Um terço das frutas, legumes, carnes e outros alimentos apodrecem sem ser colhidos, entram em decomposição nos armazéns ou ficam esquecidos no fundo dos frigoríficos, para depois serem jogados no lixo – o desperdício de alimentos é assustador. A produção de alimentos que não são consumidos desperdiça muitos recursos, como energia, terra e fertilizantes. Nos aterros, esses resíduos geram metano (gás causador do efeito estufa).

O Centroabastos, um atacadista de alimentos em Bucaramanga, na Colômbia, gera cerca de 20 toneladas de resíduos sólidos orgânicos por dia. Os Rotary Clubs de Bucaramanga Nuevo Milenio, na Colômbia, e Woodland Hills, nos EUA, estão trabalhando com a unidade sem fins lucrativos da empresa na criação de um centro que utilizará o excedente produzido para dar treinamento em manuseamento e processamento adequados de alimentos. Espera-se que o projeto reduza o desperdício alimentar em 15% e, ao mesmo tempo, gere emprego.

Exemplo 3 - A energia do sol ainda é pouco utilizada: cerca de 2% da energia elétrica mundial é gerada por painéis solares fotovoltaicos, segundo a Drawdown. Um bilhão de pessoas do mundo em desenvolvimento, que dependiam de lamparinas de querosene e geradores a diesel, começam a utilizar energia limpa a preços razoáveis. Isto pode fazer da energia solar uma ferramenta poderosa para reduzir a pobreza e a emissão de gases do efeito estufa.

Como a rede elétrica perto da Escola Cristã Respire Haiti não é confiável, a escola para órfãos e crianças carentes utilizou um gerador a diesel para operar a bomba do poço d'água. Os Rotary Clubs de Leogane, no Haiti, e de Parker, nos EUA, lideraram um projeto de Subsídio Global para instalar um sistema híbrido movido a energia solar, diesel e rede elétrica que garantirá a iluminação interior e exterior, o funcionamento seguro de computadores, ventiladores, ferramentas educativas e de um novo sistema de distribuição de água. A escola poupa 4 mil dólares por ano em custos de combustível e reduziu a poluição atmosférica e sonora.

Esses e outros exemplos nos fazem concluir que rotarianos são atuantes e, diante de uma questão de magnitude global como as mudanças climáticas, focam em uma parte do desafio de cada vez, com o apoio da Fundação Rotária. Conheça mais sobre o Rotary e como você pode participar desses desafios globais. O planeta precisa de mais mãos para curá-lo. Só vem.


Texto extraído e editado do www.rotary.org pela especialista em gestão de recursos hídricos, Maria do Carmo Zinato, mestre em planejamento urbano e rural, presidente do Instituto Brasileiro de Estudos e Ações em Saneamento Ambiental e Gestão de Recursos Hídricos (IBEASA), associada fundadora e presidente 2017-2019 do Rotary Club de Brasília International e Coordenadora 2021-2023 da Comissão de Meio Ambiente do Distrito 4530.


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