Trindade, a capital da fé dos goianos: um local com mais de 102 anos.
O povoado formou-se em torno da capela dedicada ao Divino Padre Eterno nos terrenos do patrimônio
No último dia 31 de agosto (quarta-feira), a nossa Trindade completou 102 anos de emancipação política. A cidade conseguiu a sua autonomia com a lei estadual nº 662, de 16 de julho de 1920.
O aniversário de Trindade não é comemorado no dia 16 de julho, data da promulgação da lei, mas sim, no dia de sua instalação formal, 31 de agosto de 1920. Pois, o dia 16 de julho, ficava próximo ao primeiro domingo de julho, data que celebra o grande dia da festa da Tradicional Romaria em Louvor ao Divino Pai Eterno. Os nossos legisladores da época preferiram não celebrar no mesmo mês duas festas, por isso escolheram a data de agosto.
A história de nossa cidade não inicia nos dias 16 de julho ou 31 de agosto de 1920, pelo contrário, começa um século atrás. Antes da emancipação política, Trindade era o Arraial do Barro Preto da Santíssima Trindade de Goyaz e fazia parte do município de Campininhas das Flores (hoje bairro de Goiânia).
A primeira vez que o nome do povoado “Barro Preto” aparece nos registros oficiais é no livro de registros de batizados da Paróquia de Campininhas, em 1848. A menção é do batizado do neto de Constantino Xavier.
A menção é a seguinte: “No dia 15 de agosto de 1848 nesta Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição de Campinas baptizei solemnemente Sabino filho legitimo de Jozé Constantino Xavier e de Maria Jozé, nascido aos dias 11 de julho de 1848 moradores no barropreto”.
A partir de 1848, aparece frequentemente o nome de “Barro Preto”, nos livros de batizados, de casamentos e de óbitos da Matriz de Campininhas. Não é dúvida para os historiadores que pesquisam Trindade e a devoção do Divino Pai Eterno, que a cidade e o povoado do Barro Preto da Santíssima Trindade de Goyaz surgem em torno de uma capelinha dedicada ao Divino Padre Eterno.
A primeira vez que é mencionada a capela de Barro Preto é a partir de 1854, como Santíssima Trindade.
As terras que anos mais tarde formarão o povoado e a cidade de Trindade foram doadas, segundo relato de 1898, do sacristão Manuel Pio, por Constantino Xavier Maria, Valentim Romão e Luiz de Souza, que ia “da Cruz das Almas até o Fazendinha”.
O maior historiador e estudioso da história de Trindade, o professor Bento Fleury informa que o patrimônio do Divino Padre Eterno, “pegava do morro da cruz das almas, onde é a Basílica. E formava uma pirâmide e fechava mais ou menos onde é o museu, e até o córrego fazendinha”.
Como já mencionado, o povoado formou-se em torno da capela dedicada ao Divino Padre Eterno nos terrenos do patrimônio. A primeira capela, segundo Manuel Pio era “uma cazinha coberta de burity”, e para Licardino de Oliveira Ney, essa capelinha foi construída por Constantino Xavier Maria por volta de 1843. A segunda capela ainda conforme o sacristão Manuel Pio era “coberta de telhas também foi construída por Constantino Xavier”. Essa capela, segundo o Manual da Santíssima Trindade, escrito pelos Missionários Redentoristas em 1905, afirma que foi construída em 1866.
Essa informação do Manual da Santíssima Trindade contradiz a informação do sacristão Manuel Pio, já que Constantino Xavier faleceu em 1854.
Ainda conforme Manuel Pio, a terceira capela foi construída nos lugares das anteriores, em 1876, “no tempo em que era tezoureiro Antonio Joaquim dos Santos que mandou e ajudou construir”. Essa obra foi continuada por Elias Pereira de Araujo que “contratou com João Pimenta Abreu e Felicio Pires Martins para construir a capella-mor, o trono, arco e couro da Igreja” e acrescenta que ele (Manuel Pio) “pintou o teto, dourou algumas cimalhas e encarnou as imagens”.
Já o Manual da Santíssima Trindade de 1905, complementa sobre a terceira Igreja: “a obra foi concluída em 1878, sendo tesoureiro Elias Pereira de Araujo, mestre de obra João Pimenta de Abreu. Antônio Eusébio Martins de Moura levantou as torres, Miguel Manso construiu os altares laterais e Manuel Pio pintou o teto”.
Os Missionários Redentoristas chegaram em Goiás, em 1894, vindos da Alemanha para cuidarem da devoção e do Santuário do Divino Padre Eterno. Nos primeiros anos da atuação dos religiosos houve atrito entre eles e o bispo de Goiás, Dom Eduardo Duarte e Silva, com as lideranças politicas de Barro Preto e a Irmandade que cuidavam do Santuário do Divino Padre Eterno.
Os impasses foram superados em 1903, depois da Igreja do Divino Padre Eterno ficar interditada por três anos, pelo bispo Dom Eduardo. O interdito foi derrubado depois da atuação direta do superior da missão dos Redentoristas no Brasil, Padre Gebardo Wiggermann.
Os redentoristas fizeram 1904, uma reforma completa da Igreja construída em 1878. Os religiosos, encabeçado pelo Padre Antão Jorge Heckembleiner, iniciaram em agosto de 1911, a construção da quarta Igreja, o atual Santuário Matriz do Divino Pai Eterno, também conhecida, como a Igreja Velha de Trindade.
A obra da nova Igreja, segundo alguns pesquisadores reaproveitou partes da antiga, como o altar-mor. Acredita que o fundo da atual Matriz era a frente da Igreja de 1878. Pois esse fundo é muito idêntico com as fachadas das Igrejas dessa época.
A nova Igreja foi construída em regime de mutirão e o seu estilo arquitetônico é o colonial e foi inaugurada no dia 08 de setembro de 1912.
A construção da nova Igreja serviu como fator de impulsionamento, nas lideranças políticas do arraial da Santíssima Trindade do Barro Preto de Goyaz, na busca da emancipação do povoado. Já que os moradores de Barro Preto e de Campininhas possuíam uma certa rivalidade.
As lideranças politicas conseguiram o objetivo oito anos depois, com a promulgação da Lei nº 662, de 16 de julho de 1920. Nesse dia foi bastante comemorado na nova cidade. O historiador professor Bento Fleury afirma que essa luta para conquistar a emancipação politica de Trindade foi encabeçada pelos coronéis Anacleto Gonçalves de Almeida, Carlos Baptista, Antônio Francisco Ottoni e Gabriel Alves de Carvalho.
Segundo o professor Bento Fleury, no dia 16 de julho de 1920, aconteceu uma grande comemoração na fazenda do coronel Anacleto Gonçalves de Almeida, na região do Arrozal (onde hoje é atual região leste de Trindade), com a presença inclusive do senador Antônio Ramos Caiado, o Totó Caiado, vindo da então capital do Estado, na Cidade de Goiás.
A cidade de Trindade, ao longo de todo o seu processo de formação, passou por vários nomes diferentes nos documentos existentes: como “barropreto”, “São Francisco do barropreto”, “bairro da Santíssima Trindade”, “Capella da Santíssima Trindade”, e “Arrayal da Santíssima Trindade”.
Paulatinamente, o nome “Barro Preto” foi substituído por “Trindade”, hoje “Barro Preto” é apenas o nome do córrego que deu nome inicial ao arraial. Em 1927, com a criação da “comarca de Divinópolis” pela Lei nº 825, de 20 de junho desse ano, tentaram mudar o nome de Trindade para “Divinópolis”, a cidade do Divino.
Paulo Afonso Tavares é professor, jornalista e historiador; cursa doutorado em História na Universidade Federal de Goiás (UFG) e especialização em Cidades Inteligentes: Tecnologia e Inovação na Faculdade Anhanguera.
No último dia 31 de agosto (quarta-feira), a nossa Trindade completou 102 anos de emancipação política. A cidade conseguiu a sua autonomia com a lei estadual nº 662, de 16 de julho de 1920.
O aniversário de Trindade não é comemorado no dia 16 de julho, data da promulgação da lei, mas sim, no dia de sua instalação formal, 31 de agosto de 1920. Pois, o dia 16 de julho, ficava próximo ao primeiro domingo de julho, data que celebra o grande dia da festa da Tradicional Romaria em Louvor ao Divino Pai Eterno. Os nossos legisladores da época preferiram não celebrar no mesmo mês duas festas, por isso escolheram a data de agosto.
A história de nossa cidade não inicia nos dias 16 de julho ou 31 de agosto de 1920, pelo contrário, começa um século atrás. Antes da emancipação política, Trindade era o Arraial do Barro Preto da Santíssima Trindade de Goyaz e fazia parte do município de Campininhas das Flores (hoje bairro de Goiânia).
A primeira vez que o nome do povoado “Barro Preto” aparece nos registros oficiais é no livro de registros de batizados da Paróquia de Campininhas, em 1848. A menção é do batizado do neto de Constantino Xavier.
A menção é a seguinte: “No dia 15 de agosto de 1848 nesta Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição de Campinas baptizei solemnemente Sabino filho legitimo de Jozé Constantino Xavier e de Maria Jozé, nascido aos dias 11 de julho de 1848 moradores no barropreto”.
A partir de 1848, aparece frequentemente o nome de “Barro Preto”, nos livros de batizados, de casamentos e de óbitos da Matriz de Campininhas. Não é dúvida para os historiadores que pesquisam Trindade e a devoção do Divino Pai Eterno, que a cidade e o povoado do Barro Preto da Santíssima Trindade de Goyaz surgem em torno de uma capelinha dedicada ao Divino Padre Eterno.
A primeira vez que é mencionada a capela de Barro Preto é a partir de 1854, como Santíssima Trindade.
As terras que anos mais tarde formarão o povoado e a cidade de Trindade foram doadas, segundo relato de 1898, do sacristão Manuel Pio, por Constantino Xavier Maria, Valentim Romão e Luiz de Souza, que ia “da Cruz das Almas até o Fazendinha”.
O maior historiador e estudioso da história de Trindade, o professor Bento Fleury informa que o patrimônio do Divino Padre Eterno, “pegava do morro da cruz das almas, onde é a Basílica. E formava uma pirâmide e fechava mais ou menos onde é o museu, e até o córrego fazendinha”.
Como já mencionado, o povoado formou-se em torno da capela dedicada ao Divino Padre Eterno nos terrenos do patrimônio. A primeira capela, segundo Manuel Pio era “uma cazinha coberta de burity”, e para Licardino de Oliveira Ney, essa capelinha foi construída por Constantino Xavier Maria por volta de 1843. A segunda capela ainda conforme o sacristão Manuel Pio era “coberta de telhas também foi construída por Constantino Xavier”. Essa capela, segundo o Manual da Santíssima Trindade, escrito pelos Missionários Redentoristas em 1905, afirma que foi construída em 1866.
Essa informação do Manual da Santíssima Trindade contradiz a informação do sacristão Manuel Pio, já que Constantino Xavier faleceu em 1854.
Ainda conforme Manuel Pio, a terceira capela foi construída nos lugares das anteriores, em 1876, “no tempo em que era tezoureiro Antonio Joaquim dos Santos que mandou e ajudou construir”. Essa obra foi continuada por Elias Pereira de Araujo que “contratou com João Pimenta Abreu e Felicio Pires Martins para construir a capella-mor, o trono, arco e couro da Igreja” e acrescenta que ele (Manuel Pio) “pintou o teto, dourou algumas cimalhas e encarnou as imagens”.
Já o Manual da Santíssima Trindade de 1905, complementa sobre a terceira Igreja: “a obra foi concluída em 1878, sendo tesoureiro Elias Pereira de Araujo, mestre de obra João Pimenta de Abreu. Antônio Eusébio Martins de Moura levantou as torres, Miguel Manso construiu os altares laterais e Manuel Pio pintou o teto”.
Os Missionários Redentoristas chegaram em Goiás, em 1894, vindos da Alemanha para cuidarem da devoção e do Santuário do Divino Padre Eterno. Nos primeiros anos da atuação dos religiosos houve atrito entre eles e o bispo de Goiás, Dom Eduardo Duarte e Silva, com as lideranças politicas de Barro Preto e a Irmandade que cuidavam do Santuário do Divino Padre Eterno.
Os impasses foram superados em 1903, depois da Igreja do Divino Padre Eterno ficar interditada por três anos, pelo bispo Dom Eduardo. O interdito foi derrubado depois da atuação direta do superior da missão dos Redentoristas no Brasil, Padre Gebardo Wiggermann.
Os redentoristas fizeram 1904, uma reforma completa da Igreja construída em 1878. Os religiosos, encabeçado pelo Padre Antão Jorge Heckembleiner, iniciaram em agosto de 1911, a construção da quarta Igreja, o atual Santuário Matriz do Divino Pai Eterno, também conhecida, como a Igreja Velha de Trindade.
A obra da nova Igreja, segundo alguns pesquisadores reaproveitou partes da antiga, como o altar-mor. Acredita que o fundo da atual Matriz era a frente da Igreja de 1878. Pois esse fundo é muito idêntico com as fachadas das Igrejas dessa época.
A nova Igreja foi construída em regime de mutirão e o seu estilo arquitetônico é o colonial e foi inaugurada no dia 08 de setembro de 1912.
A construção da nova Igreja serviu como fator de impulsionamento, nas lideranças políticas do arraial da Santíssima Trindade do Barro Preto de Goyaz, na busca da emancipação do povoado. Já que os moradores de Barro Preto e de Campininhas possuíam uma certa rivalidade.
As lideranças politicas conseguiram o objetivo oito anos depois, com a promulgação da Lei nº 662, de 16 de julho de 1920. Nesse dia foi bastante comemorado na nova cidade. O historiador professor Bento Fleury afirma que essa luta para conquistar a emancipação politica de Trindade foi encabeçada pelos coronéis Anacleto Gonçalves de Almeida, Carlos Baptista, Antônio Francisco Ottoni e Gabriel Alves de Carvalho.
Segundo o professor Bento Fleury, no dia 16 de julho de 1920, aconteceu uma grande comemoração na fazenda do coronel Anacleto Gonçalves de Almeida, na região do Arrozal (onde hoje é atual região leste de Trindade), com a presença inclusive do senador Antônio Ramos Caiado, o Totó Caiado, vindo da então capital do Estado, na Cidade de Goiás.
A cidade de Trindade, ao longo de todo o seu processo de formação, passou por vários nomes diferentes nos documentos existentes: como “barropreto”, “São Francisco do barropreto”, “bairro da Santíssima Trindade”, “Capella da Santíssima Trindade”, e “Arrayal da Santíssima Trindade”.
Paulatinamente, o nome “Barro Preto” foi substituído por “Trindade”, hoje “Barro Preto” é apenas o nome do córrego que deu nome inicial ao arraial. Em 1927, com a criação da “comarca de Divinópolis” pela Lei nº 825, de 20 de junho desse ano, tentaram mudar o nome de Trindade para “Divinópolis”, a cidade do Divino.
Paulo Afonso Tavares é professor, jornalista e historiador; cursa doutorado em História na Universidade Federal de Goiás (UFG) e especialização em Cidades Inteligentes: Tecnologia e Inovação na Faculdade Anhanguera.
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