Worshop sobre Ferrovias Estaduais discute ampliação e integração multimodal do transporte no Estado
Evento representa avanço do projeto do Governo de Goiás para implantação do Sistema Rodoviário Estadual a partir de políticas públicas e experiências que promovam participação da iniciativa privada
Workshop: Quase 200 participantes. (Foto: Silvano Vital) |
O Sistema Ferroviário Estadual (SFE) como importante elemento de infraestrutura que possibilita a movimentação de mercadorias e passageiros de formas eficiente, econômica e segura, com legislação que ampare e delimite o papel de cada agente dessa estrutura norteou palestras e discussões do primeiro Workshop sobre Ferrovias Estaduais, realizado nesta quarta-feira (8/3), no auditório da Agência Goiana de Infraestrutura e Transportes (Goinfra).
O evento reuniu aproximadamente 200 pessoas, entre representantes de entidades ligadas à engenharia, gestores públicos e grandes players de logística no país, além do governador Ronaldo Caiado; do secretário de Infraestrutura, Pedro Sales; e do presidente da autarquia, Lucas Vissotto.
Ao longo do dia, foram apresentadas seis palestras técnicas, introduzidas pelo diretor de Planejamento da Goinfra, Riumar dos Santos, que defendeu a reunião de teorias e experiências apresentadas em diretrizes legais e projetos que o Estado de Goiás vai apresentar para a área de transportes. Ele aproveitou a oportunidade para informar a abertura de um espaço para sugestões disponibilizado no site da Goinfra (www.goinfra.go.gov.br) até o dia 15 de março, e deixou acertada a realização de workshops anuais sobre o tema, sempre na mesma época.
O chefe da Procuradoria Setorial da Goinfra, Yuri Matos, inaugurou as falas com o detalhamento da estruturação contida na minuta do projeto de lei que vai dispor sobre políticas públicas relacionadas à criação de ferrovias no Estado. O documento foi elaborado coletivamente a partir das sugestões apresentadas pelos participantes da primeira reunião sobre o assunto, ocorrida em 23 de janeiro passado, com representantes dos setores interessados na ampliação do transporte multimodal – como indústrias, empresas de logística, produtores rurais, gestores públicos e outros convidados. “O governo dá um passo importante no sentido de desburocratizar a participação da iniciativa privada, delegando a terceiros os direitos e deveres à concessão, operação, permissão, sob o poder concedente do Estado e a regulação da autarquia, o que deve trazer mais investimentos para Goiás”, afirmou. Matos pontuou ainda os pontos positivos da implantação de ferrovias, destacando vantagens como durabilidade do modal, menor índice de acidentes em relação às rodovias, grandes distâncias percorridas em tempos relativamente curtos e a possibilidade de carregar quantidades elevadas de carga.
A segunda exposição foi conduzida pelo gerente de Relações Governamentais da Rumo Logística, Rodrigo Verardino de Stéfani, que descreveu a empresa como a maior operadora ferroviária independente do país, e realçou suas ações na expansão da malha ferroviária em nove estados brasileiros. O executivo também explicou, por meio de imagens, o funcionamento dos terminais dos municípios de São Simão e Rio Verde, e enumerou dados expressivos que atrelam a necessidade da multimodalidade de transportes à interiorização e ao crescimento da produção agrícola goiana ao longo dos últimos 50 anos. Entre eles, a queda no consumo de diesel, calculada em aproximadamente 29%, e a redução do índice de acidentes que envolvem veículos de cargas pesadas nas rodovias, que saiu de 2,6% para 0,25%, dado que pode ser comparado às realidades canadenses e italiana.
Na sequência, o subdiretor de obras e cooperação do Exército Brasileiro, coronel Flávio do Prado, explicou o funcionamento da engenharia ferroviária dentro do batalhão e o que pode ser oferecido ao Estado como parceria. Relatou ainda as principais obras ferroviárias realizadas pela corporação e a expertise dos militares nesse tipo de construção. “Temos desafios para a implantação de ferrovias e a qualificação necessária para realizá-las, com a bases legais e aspectos gerais na cooperação das obras”, afirmou.
Ramon Saleno, representante da Enefer Consultoria e Projetos e professor da Universidade de Brasília (UnB), discorreu sobre os empreendimentos concluídos e em execução no país a partir de estudos de implantação e viabilidade da empresa, como o trecho da Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (Fico), de Mara Rosa, em território goiano, à cidade de Água Boa, no Mato Grosso, que terá 383 quilômetros de trilhos e será executado pela Vale. Ele sugeriu traçados para o SFE, resultados de levantamentos preliminares, como um ramal que ligaria o Estado de Goiás à Ferrovia Norte-Sul.
Gerente geral de Relações Institucionais da VLI S.A., Anderson Abreu reservou a sua participação ao dimensionamento da estrutura empresarial que, segundo ele, integra o modal ferroviário, por meio de rodovias, aos portos brasileiros, com a utilização de ferramentas modernas de engenharia e logística. Mostrando a segmentação do negócio, associou sua visão de investimento em infraestrutura à evolução das atividades produtivas do Estado, aos mercados que se conectam ao agrobusiness, ao desenvolvimento de novas formas de investimentos e às possibilidades de parcerias públicas privadas. “Precisamos de análises e reflexões sobre a vocação dessa malha, como parte do planejamento daquilo que vamos construir, sem paixões, mas com olhar técnico, que considera, inclusive, a existência de linhas existentes e centenárias.”
Por fim, o CEO da Transport Consultoria & Projetos, Evandro Madeira, fez um apanhado histórico para comparar o que se pratica em países da Europa e nos Estados Unidos à ambição brasileira de investir no transporte ferroviário, observando pormenores de pontos como concessões e autorizações; o papel do Estado sobre as rodovias; o fomento às políticas de implantação também de rodovias; e o novo marco regulatório de ferrovias. Tudo isso, desde a época em que as estruturas eram privadas, locais, curtas e com prioridade para passageiros. “Goiás fará uma transformação logística de forma pioneira. Mas, devemos compatibilizar o interesse da cadeia produtiva às expectativas das empresas interessadas. Não podemos fazer todo esse trabalho sem atender aos interesses da população”, alertou. (Da Assessoria de Imprensa da Goinfra)
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