Contrário à reforma tributária, Caiado mira eleitorado bolsonarista

A movimentação de Caiado o distingue dos demais governadores que apoiaram a reforma e o torna visível ao grande público votante, sobretudo aqueles na direita e extrema direita

Ronaldo Caiado é contra a reforma. (Foto: Reprodução)

Ronaldo Caiado (UB), governador de Goiás, causou alguma surpresa ao se posicionar contra a reforma tributária, aprovada em dois turnos de votação na Câmara dos Deputados, na semana passada. Com isso, ele se aproximou do eleitorado bolsonarista, que também mostra-se contrário à proposta do governo federal ou a qualquer outra iniciativa do presidente Lula (PT). Quais as implicações políticas para este movimento de Caiado?

Uma possível explicação é que Caiado esteja buscando fortalecer sua base eleitoral para as eleições de 2026, quando poderá tentar uma candidatura a presidente da República como representante da direita e extrema-direita brasileiras. Ao se alinhar ao discurso de Bolsonaro, ele pode atrair os votos dos simpatizantes do ex-presidente, tornado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que são expressivos em Goiás. Além disso, ele pode se beneficiar da insatisfação popular com o possível aumento da carga tributária, que afeta principalmente os setores produtivos e os consumidores finais.

Outra possível forma de entender o movimento do governador goiano é que se trate de uma tentativa de se diferenciar dos demais governadores do Centro-Oeste, que são favoráveis à reforma tributária. Ao se opor à matéria que subirá para o Senado Federal, ele pode se apresentar como um defensor dos interesses de Goiás e como um crítico da política econômica do governo federal. Assim, ele pode conquistar o apoio de setores que possam se sentir prejudicados pela reforma. Considerando o interesse do político goiano em se sentar na cadeira presidencial, se destacar dos demais potenciais concorrentes é um jeito de se apresentar ao distinto público votante.

De todo modo, o posicionamento de Caiado contra a reforma tributária tem implicações políticas importantes para o cenário nacional. Ele pode influenciar outros governadores e parlamentares a se manifestarem contra a proposta, dificultando sua aprovação no Senado que se debruçará sobre a matéria no início do segundo semestre deste ano. Ele também pode gerar um conflito com o governo federal, que pode retaliar com a redução de recursos e investimentos para Goiás. Por fim, ele pode alterar o equilíbrio de forças entre os partidos e as candidaturas para as próximas eleições. Quer dizer, muita coisa pode acontecer, inclusive nada. Só esperar mais algumas semanas e veremos o real alcance da movimentação de Caiado.