A evolução dos jogos de azar: Da proibição dos caça-níqueis à ascensão dos jogos de apostas

A glamourização dos jogos de apostas pela mídia e por influenciadores tem um impacto devastador

Jhonatan Camilo: Regulamentação de jogos de azar. (Foto: Reprodução)


Artigo | Jhonatan Camilo Xavier é professor e historiador

Os jogos de azar sempre estiveram presentes na sociedade, evoluindo ao longo dos anos e adaptando-se às novas tecnologias e regulamentações. Uma comparação entre os caça-níqueis de antigamente e os atuais jogos de apostas, como o popular "Tigrinho", revela não apenas mudanças na forma de jogar, mas também no impacto social e econômico desses jogos.

No passado, os caça-níqueis dominaram o cenário das apostas. Máquinas físicas instaladas em bares e cassinos ofereciam a promessa de grandes prêmios, atraindo uma gama diversa de jogadores. No entanto, a percepção negativa associada a esses jogos, como a quebra de famílias e a destruição financeira, levou à sua proibição em muitos locais. Governos e autoridades reguladoras, ao perceberem o aumento dos problemas sociais relacionados ao jogo, optaram por restringir ou banir os caça-níqueis, tentando proteger os mais vulneráveis.

Em contraste, os jogos de aposta online, como o "Tigrinho", hoje em dia, estão em pleno crescimento. A internet permitiu que esses jogos fossem acessíveis a qualquer momento e lugar. Essa conveniência, no entanto, tem um custo: muitas dessas plataformas são menos reguladas e algumas operam de maneira ilícita, enganando os jogadores com informações incompletas e práticas questionáveis. Muitos jogadores são atraídos pela promessa de ganhos fáceis, mas acabam em uma espiral de perdas e endividamento.

Um fenômeno recente que exacerba essa situação é a romantização de personalidades e influenciadores que promovem jogos de azar. Figuras públicas se tornaram os rostos desses jogos, faturando bilhões com promoções e publicidade. Apesar de muitas vezes estarem envolvidas em crimes como lavagem de dinheiro, essas personalidades frequentemente conseguem manter uma imagem positiva diante do público. Mesmo quando desmascarados, continuam a ser ovacionados e considerados inocentes por uma parte significativa da população.

A glamourização dos jogos de apostas pela mídia e por influenciadores tem um impacto devastador. Famílias são destruídas pela dependência do jogo e pelas dívidas acumuladas. A falta de informações claras e a manipulação promovida por plataformas e figuras públicas criam um ambiente onde é fácil para jogadores desinformados serem ludibriados.

A evolução dos jogos de azar, desde os caça-níqueis proibidos até os modernos jogos online, mostra que, enquanto as formas e tecnologias mudam, o impacto negativo sobre a sociedade permanece. A diferença crucial hoje está na influência das mídias sociais e na romantização das apostas por personalidades públicas. É essencial que haja uma regulamentação mais rigorosa e educação sobre os riscos dos jogos de azar para proteger os indivíduos e suas famílias.


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