O que leva um homem à violência contra a mulher, segundo Sigmund Schlomo Freud

Não se trata apenas um ato isolado, mas o resultado de conflitos internos não resolvidos, impulsos reprimidos e falhas na estruturação psíquica

Marcelo Lopes, presidente do Rotary de Trindade. (Foto: Reprodução)


REFLEXÃO | Marcelo Lopes é psicanalista, empresário e presidente do Rotary Club de Trindade

A violência contra a mulher é um problema que assombra nossa sociedade, mas o que se esconde por trás desse comportamento? Sigmund Freud, o pai da psicanálise, não falou diretamente sobre isso, mas suas teorias podem nos ajudar a entender as raízes psicológicas desse fenômeno. Vamos mergulhar nas ideias de Freud para desvendar o que pode levar um homem a agredir uma mulher.

1. Frustração e Impulsos Reprimidos:

Freud acreditava que todos nós temos desejos e impulsos agressivos que, quando reprimidos ou frustrados, podem explodir de forma violenta. Um homem que não sabe lidar com suas frustrações pode descarregar sua raiva na mulher, vendo-a como um alvo "seguro" ou "inferior".

2. Complexo de Édipo Mal Resolvido:

Na infância, o menino pode sentir atração pela mãe e rivalidade com o pai. Se essa fase não for superada de forma saudável, pode gerar conflitos emocionais na vida adulta, como dificuldade em lidar com mulheres em posições de autoridade ou afeto. A violência pode ser uma forma de "punir" a mulher por despertar sentimentos confusos.

3. Projeção e Defesas da Mente:

Freud destacava que usamos mecanismos de defesa para lidar com conflitos internos. Um homem que não aceita suas próprias fraquezas ou falhas pode projetar esses sentimentos na mulher, culpando-a por seus problemas e justificando a agressão como uma forma de "corrigir" ou "controlar".

4. Falha na Formação da Consciência Moral:

A consciência moral é a parte da mente que internaliza regras e valores sociais. Se essa consciência é fraca ou distorcida (por exemplo, por uma educação que normaliza a violência ou a dominação masculina), o homem pode agir de forma agressiva sem sentir culpa ou remorso.

5. Repetição de Padrões Familiares:

Freud também falava sobre a repetição de padrões inconscientes. Um homem que cresceu em um ambiente onde a violência era comum pode reproduzir esse comportamento, inconscientemente repetindo o que viveu na infância.

Segundo a psicanálise freudiana, a violência contra a mulher não é apenas um ato isolado, mas o resultado de conflitos internos não resolvidos, impulsos reprimidos e falhas na estruturação psíquica. A mudança exige autoconhecimento, enfrentamento das sombras internas e, muitas vezes, ajuda profissional para romper ciclos destrutivos.

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