Aparecida Rosa de Oliveira, uma vida de fé em Deus, amor à família e dedicação ao trabalho

No dia 25 de março Aparecida salgadeira completaria 72 anos de idade

Aparecida e filhos. (Fotos: Álbum de família)


A terça-feira (25 de março) é o aniversário de 72 anos de nascimento de Aparecida Rosa de Oliveira. Paranaense, nascida em Campo Mourão, Aparecida veio com a família ainda menina para Goiânia e de lá para Trindade, por volta de 1973 e fincou fortes raízes na cidade onde formou família, tendo sido casada por 12 anos com Sílvio Pires de Campos, com quem teve quatro filhos, José Humberto Pires de Campos, Sílvia Pires de Campos, Gisele Pires de Campos e Jonas Pires de Campos Neto, que lhe deram seis netos.

Aparecida Oliveira e família.

O casamento se desfez e a dura realidade se impôs na vida de Aparecida. Como sustentar a família? Aí entrou em ação o dom de Deus, garantindo que nada lhes faltaria, mas haveria muito trabalho pela frente. Aparecida sempre teve mão muito boa para cozinhar e começou a fazer rosquinhas e vender o produto aos alunos e quem mais quisesse, em frente ao Colégio Estadual Padre Pelágio, no Jardim Salvador, próximo à casa onde sempre viveu na “Capital da Fé”. E a iniciativa deu muito certo, contando com apoio de amigos e familiares disponibilizando inclusive formas, panelas, fornos e produtos.

Nos dias de hoje os meios de comunicação, televisão e internet, estão repletos de gente ensinando a fazer de um tudo na cozinha, mas há 45 anos a coisa era diferente. Sem jamais ter feito qualquer curso de culinária, Aparecida começou também a fazer salgados e não parou mais. Clientes conquistou e os manteve fiéis aos seus produtos, fornecendo para bares, lanchonetes e restaurantes, tradição herdada pela Sílvia, a segunda filha que vem dando continuidade ao trabalho da mãe. "Temos clientes que faz 40 anos que pega salgado com a gente", nos conta.

Jonas Pires de Campos Neto, o caçula entre os quatro filhos da Aparecida, também participou com a mãe no negócio de salgados. Havia forte parceria entre o caçula, sua esposa e a matriarca da família, no fornecimento de salgados para lanchonetes e bares. Ações desse tipo ao longo da vida da Aparecida revelam indubitavelmente sua capacidade de manter junta a família em torno inclusive do trabalho, fazendo com que o negócio se consolidasse de verdade, pois é sempre bom lembrar que até hoje há clientes dos produtos que passaram da mãe para os filhos.

E foi assim que Aparecida saciou o apetite de muita gente com deliciosos salgados que produzia e cuidou de sua família sempre com fé em Deus, vale dizer. Gisele Pires, a terceira filha, comenta que a batalha da mãe sozinha criando quatro filhos, amando o trabalho e muito temente a Deus. “Minha mãe, sozinha, criou a nós todos sem a presença paterna, mas a família do lado dele nunca nos abandonou, e ela amava demais o que fazia, trabalhava com muito amor”, afirma. Característica da mãe que Gisele destaca é a capacidade de aceitar a vida como ela era e o ânimo e a disposição para enfrentar e superar as dificuldades. “Minha mãe vivia sempre com alegria, nunca reclamava de nada e dentro das possibilidades, nos deu do bom e do melhor com o suor do seu trabalho, varando noites sem dormir para nos sustentar”, recorda.

Ainda que só tenha estudado até o quarto ano do chamado ensino primário, Aparecida tinha uma inteligência profunda que a tornava capaz de estar atenta a tudo a sua volta e tinha assunto, como se diz. Um banco que ficava na calçada de sua casa no Jardim Salvador era local de animadas conversas com amigas, fregueses e vizinhos, principalmente nos finais de tarde.

José Humberto e Aparecida Oliveira.

E foi isso, alegria, espontaneidade e inteligência que a fez empreender uma senhora aventura internacional. Seu primogênito, José Humberto, se mudou para os Estados Unidos da América, nos idos de 2002. O tempo foi passando, já havia chegado 2006 e nada do filho retornar ao Brasil. Para piorar, José Humberto ainda esteve doente, precisou se submeter à cirurgia inclusive. Aparecida não titubeou, embarcou com Deus para a América encontrando-se lá com o filho. Coisa de mãe mesmo. Sem falar patavina em inglês, se comunicava com gestos e falando alto com quem estava pela frente. "Minha mãe pensava que falando bem alto em português e gesticulando, seria entendida pelos americanos", José Humberto recorda sorrindo.

Aparecida teve sérios problemas de saúde que foram limitando sua capacidade de trabalhar, claro. Agora parar mesmo, jamais. A guerreira não entregava os pontos assim facilmente. Vítima de câncer no pulmão direito que inclusive precisou ser retirado, embora não tenha havido a necessidade de se submeter ao tratamento à base de quimioterapia ou radioterapia, o que teria tornado as coisas mais difíceis, a saúde ficou debilitada, relata Gisele Pires. Mas o que levou Aparecida ao óbito foi o que se chama de choque cardiogênico, algo como a "diminuição da capacidade do coração de bombear satisfatoriamente o sangue resultando em falta de oxigênio nos tecidos, e sintomas como respiração rápida, desmaio repentino e aumento exagerado dos batimentos cardíacos", segundo definições técnicas.

Na verdade, ali pelos idos de maio de 2021, Aparecida vinha sentindo dores pelo corpo consequências de neuropatia que lhe entortou os pés, causando dificuldades de andar. Já dissemos que Aparecida era dura na queda e não o fizemos gratuitamente. Ora, mesmo conectada ao aparelho de oxigênio ela não se aquietava. Sim, fazendo salgados. Afinal, "ela trabalhou até no dia em que foi internada” e, na sequência, faleceu. No dia em que aconteceu a derradeira internação, antes de ser levada ao hospital, Aparecida passou 25 Kg de farinha de trigo no cilindro e aí se sentiu mal. Suas filhas, sempre presentes, acionaram o SAMU que a conduziu até o hospital onde se internou, falecendo, no dia 25 de maio de 2021.

Aparecida escreveu, sem sombra de dúvidas, uma bela história de vida, marcada por superação de dificuldades pessoais, financeiras e tantos obstáculos que surgiram e foram ficando para trás enquanto manteve inabalável a fé em Deus, o amor à família e a dedicação ao trabalho durante todos os dias. Daí valer muito a pena celebrar essa data importante para todos aqueles que tiveram o privilégio de conviver com essa pessoa fantástica, Aparecida Rosa de Oliveira. Parabéns, parabéns!


Comentários

Foi uma mulher de muita garra, vizinha da minha vó Ana Rosa de Castro.
Família linda
Anônimo disse…
Uma pessoa franca ,trabalhadeira,maravilhosa.
Aparecida você deixou saudades❤️❤️
Rosângela Araújo disse…
Ela não era uma patroa e sim uma mãe, saudades eternas dona Aparecida
Anônimo disse…
Ela era muita generosa e maravilhosa obrigado por ti conhecer não esqueço da senhora. Minha querida amiga que me chamava de meu filho 💖 ti amo
Anônimo disse…
Percival
Anônimo disse…
Uma homenagem verdadeiramente admirável e merecida. Entretanto, percebo que nesta reportagem, apesar de muito bem escrita, deixou de mencionar a imensa ajuda filantrópica que Dona Aparecida realizou ao longo de sua vida. Sua generosidade foi algo extraordinário e abençoado, tocando inúmeras vidas, incluindo a de minha própria família, que recebeu tanto apoio e carinho dessa mulher maravilhosa. Sua bondade e altruísmo jamais serão esquecidos.
Anônimo disse…
Tai uma homenajem muito merecida! Descanse em Paz dona Aparecida.
Anônimo disse…
Que Deus abençoe muito essa família, de pessoas muitos humildes, uma linda história que a dona Aparecida esteja descansando muito bem lá de cima e vendo suas filhas aqui na terra seguindo seu legado com muito amor e carinho e profissionalismo 🙏🏾🙌🏾
Sérgio Silva disse…
É muito bom conhecer as raízes das quais somos provenientes, construindo laços fraternos de conhecimento, exemplos de vida e, principalmente, amor pela vida. O principal legado que podemos deixar para nossas gerações é o nosso exemplo de amor e cuidado.

Tive a honra de conhecer um grande irmão, José Humberto Campos, cuja humildade, simplicidade e respeito pelos outros revelam claramente a grandeza de sua mãe. Dona Aparecida foi uma mulher corajosa, forte e cheia de determinação, capaz de enfrentar os desafios da vida com dignidade.

Que Deus preserve Dona Aparecida e sua memória incontestável. Sinto-me privilegiado por conhecer sua história e, por obra de Deus, ter em minha vida um irmão como José. Que a família continue sempre sob a proteção de Deus, guiando seus passos com a mesma luz que iluminou o caminho de Dona Aparecida.

Deus abençoe a todos sempre!
Anônimo disse…
Minha linda avó aparecida descanse em paz nós sempre sentiremos falta do amor que ela trazia para a nossa família. Te amo vovó Aparecida
Anônimo disse…
Que grata surpresa essa reportagem! Eu a apreciava por sua honestidade, sua alma bondosa e a maestria com que preparava salgados, mas desconhecia a profundidade de sua história.
Anônimo disse…
Saudades, dona Aparecida.... mulher e tanto, exemplo de vida!!!
我没有亲自认识她,但了解她如何养育和教育她的孩子,我确信她现在在天堂里,在我们的救主耶稣身边!
Anônimo disse…
Matéria que inspira, uma vida para ser contada em filme!!! Saudades, amiga!
Andréia Pires disse…
Minha sogra amada, deixou um legado de amor, fé, dignidade, cuidado… sempre tão zelosa com todos, amava presentear os netos. Tão guerreira, trabalhadeira, me ensinou com tanto zelo a fazer os assados. Sou grata a Deus pelo privilégio de ser sua nora. Sempre me tratou como filha. Sua história é inspiradora! Saudades!